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Lanhouses a um passo da aceitação

A partir da esquerda: Luiz Nelson Vergueiro, Nelson Fujimoro, Wagno Oliveira (AACID), Otávio Leite (PSDB-RJ) e Mario Brandão (ABCID). FOTO: Divulgação

Por Murilo Roncolato
Atualização:

Em uma mesa com deputados, membros do governo e de associações representativas do setor, o tema lanhouses foi exibido sem contrapontos, mas sim com uma longa exposição sobre as conquistas nos últimos tempos.

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O relator do projeto nº 4.361 que modifica o parágrafo no Estatuto da Criança e do Adolescente que trata do funcionamento de lanhouses (chamadas de "casa de jogos") chamou atenção para a mudança de visão sobre o conceito sobre elas. "Elas são centros de inclusão digital. Isso avança o modo como as lanhouses são discutidas pelo jurídico brasileiro", diz.

Foi defendida ainda a proposta de isenção fiscal de equipamentos, softwares e outros tributos aos donos de lanhouses pelo governo. Para que tal ideia tenha efeito é preciso acelerar o processo de regularização e definição jurídica de um modelo de negócio, pondera Nelson Fujimoto, assessor de inclusão digital da presidência da república.

"As lanhouses não vendem só conexão. É preciso um enquadramento técnico para que eles possam receber linhas de crédito e incentivos vindos de fundos públicos", disse Fujimoto.

Fujimoto disse que o processo de descriminalização de lanhouses já avançou e que o próximo passo é fazer com que as lanhouses sejam encaradas como parceiras da gestão pública pela inclusão digital.

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Luiz Nelson Vergueiro, funcionário da Telebrás, comentou sobre as intenções de colocar as lanhouses como parceiras no Plano Nacional de Banda Larga e oferecer boas conexões a preços mais acessíveis, mediante (de novo) regularização dos estabelecimentos. Isso no contexto brasileiro que, segundo pesquisas, apontam que 90% das lanhouses estão na informalidade.

Mario Brandão, presidente da ABCID (Associação Brasileira de Centros de Inclusão Digital) lançou mais números ao debate. Segundo ele, 85% dos usuários de internet pertecentes à classe D e E o fazem por lanhouses. Enquanto apenas 10% da classe A e B se conectam desta forma.

Brandão reforçou a dificuldade em se mudar a imagem desses estabelecimentos e comentou sobre o erro de ver as lanhouses como inimigos. "Telecentros e lanhouses não excludentes. É impossível olhar só os perigos e ignorar os benefícios que as lans podem trazer", afirmou.

O presidente da ABCID ainda lembrou que as lanhouses podem ser elementos importantíssimos para a educação do país. "Mas de que educação falamos aqui? Ninguém mais precisa decorar com a internet, temos que ensinar como relacionar fatos e a pensar de maneira mais ampla. É um novo momento", disse.

Por fim comemorou a publicação nesta segunda-feira passada da revogação completa da lei carioca que impedia lanhouses de ficarem a menos de 1 km de "centros de ensino" no Rio de Janeiro.

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