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O lado livre da internet

Por mais mulheres na computação

Apesar de pioneirismo, mulheres sofrem preconceito no mercado de inovação. Por quê?

Por CCSL
Atualização:
 Foto: Estadão

Por Camila Achutti*

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Ada Lovelace, Grace Hopper, Kathy Kleiman, Jean Bartik, Marlyn Meltzer e Kay Mauchly Antonelli são alguns nomes para se ter na cabeça quando o assunto é mulheres na computação. Elas inventaram, reinventaram, produziram e programaram como qualquer outro homem (talvez na época delas até mais, afinal a programação era dominada por elas). Por que será então que as diferenças salariais ainda existem? Por que encontrar mulheres desenvolvendo ainda é motivo de espanto? Por que os altos cargos ainda não são igualmente ocupados por elas?

Todos concordamos que desenvolvimento de software não nasceu e não é "coisa de homem" e, portanto, não devemos mais sustentar qualquer tipo de preconceito ou estereótipo que rotule a atividade como tal, certo!? Então agora que estamos todos de acordo, vamos ao que interessa: por que o mundo da computação precisa das mulheres. Temos razões racionais e emocionais para lutar por mais mulheres fazendo tecnologia, programando e criando. Vamos a elas!

Primeiro, a razão racional. O setor contratou 159 mil pessoas no Brasil inteiro em 2013. A demanda é grande ou não é? E é por isso que todo mundo sabe que falta mão de obra nesse mercado. Para se ter ideia da grandeza, estimativas apontam que mais de 45 mil vagas não serão preenchidas. E, ao perpetuar o preconceito e não estimular mais mulheres, o mercado perde, e perde muito; afinal somos maioria na população mundial.

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Agora que todos já estão quase convencidos pelos números, vamos à razão mais subjetiva. Todos concordamos que a inovação é uma das chaves para a melhoria da sociedade? E como podemos ser mais inovadores? Acredito de corpo e alma que diferentes opiniões trabalhando juntas por um bem comum são muitas vezes mais inovadores do que se tivermos um padrão estrito de mentalidade ou visão de mundo. Precisamos trazer diversidade para os times e a diferença de gênero é uma das maneiras de fazer isso.

Todos convencidos de que temos que lutar por mais mulheres na computação? Há muita gente convencida de que isso é uma necessidade há algum tempo; por exemplo, existe um espaço de discussão sobre mulheres na TI desde 1987, ativamente usado até hoje. Essa lista, chamada Systers, foi fundada pela Dra. Anita Borg (outra grande mulher da computação que merece ser conhecida). Há também algumas iniciativas mais jovens, porém maduras no cenário nacional. Sem precisar pesquisar horas no Google me vem à mente pelo menos cinco dessas iniciativas: RailsGirls, Mulheres na Computação, Mulheres na Tecnologia, RodAda Hacker e Technovation Challenge. Cada uma delas tenta resolver ou diminuir a escassez de mulheres na tecnologia e merecem todo apoio, pois são esses grupos que inspiram as meninas e atraem mais mulheres, dando suporte e capacitando essas novas integrantes da área.

 Foto: Estadão

Usando como exemplo a última iniciativa citada, o Technovation Challenge, afirmo que para dar uma reviravolta no mercado e no estereótipo das carreiras de TI temos que mudar a cabeça das futuras mulheres, atuar no ensino básico e médio para que elas possam enxergar esse setor como possibilidade de carreira,; exatamente o que essa iniciativa propõe.

O projeto consiste num desafio global de 12 semanas, onde meninas de ensino fundamental e médio recebem diversas aulas online e o suporte de uma mentora que já trabalhe com tecnologia há algum tempo para criar um aplicativo que resolva algum problema da sua realidade. Elas empreendem e programam usando um software livre chamado AppInventor, que foi criado com propósito didático pelo Google, mas hoje é mantido e desenvolvido pelo MIT. Ao fim do desafio e com os aplicativos submetidos, elas são avaliadas por jurados que entendem do assunto e selecionadas para fazer apresentar seu trabalho na celebração nacional, que, neste ano, ocorrerá no dia 24 de maio na cidade de São Paulo. O melhor time vai para a final mundial, que é realizada todo ano em São Francisco. Depois de passar por todas as etapas, elas saem dessa experiência totalmente transformadas, empoderadas e com infinitas novas possibilidades na cabeça.

O ano de 2014 foi o escolhido para trazer o Technovation para solo nacional, e não é que foi um sucesso? Temos mais de 350 participantes, mais de 70 mentoras e infinitos sonhos. É dando suporte e conhecimento às nossas meninas que lutamos por mais mulheres na computação.

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*Camila Achutti tem 22 anos e é graduada em Ciência da Computação pelo IME-USP. Atua como engenheira de software na Iridescent.  Fundou e mantém o blog Mulheres na Computação e é diretora nacional do Technovation Challenge Brasil.

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