Foto do(a) blog

O lado livre da internet

Tudo é software

De onde viemos? Para onde vamos? Será que lá tem Internet?

PUBLICIDADE

Por Nelson Lago
Atualização:
FOTO: Jack Torcello  Foto: Estadão

Em 2001, o The New York times publicou um artigo intitulado "Toda ciência é ciência da computação". Nele, o autor argumenta que os recentes avanços da ciência (em particular, da física e da biologia) só foram possíveis graças à computação e que, portanto, os cientistas hoje não podem mais fazer qualquer pesquisa relevante sem ter como ferramenta básica a computação.

PUBLICIDADE

Em 2006, Eben Moglen apresentou uma palestra em que argumenta que um aspecto fundamental para a expansão europeia no mundo foi a matemática: foi graças a ela que os europeus puderam desenvolver edificações maiores, pontes mais largas, armas mais eficazes, embarcações maia seguras e os meios para navegá-las. Esses avanços, especilmente no tocante aos transportes, foram a base para a expansão europeia e, segundo ele, o software deverá exercer papel similar na economia do século XXI.

Em 2008, a revista Wired publicou um artigo intitulado "O fim da teoria: o dilúvio de dados torna o método científico obsoleto". Segundo seu autor, o método científico, que se baseia no desenvolvimento de modelos a partir de experimentos que nos permitem entender a realidade e, assim, manipulá-la, não é mais necessário. Graças aos avanços da computação, o processamento estatístico é capaz de fornecer ainda mais capacidade de previsão e manipulação que os modelos científicos. Em direção similar, em 2009, pesquisadores do Google publicaram um artigo científico chamado "A eficácia absurda dos dados", sobre o processamento de linguagem natural, argumentando que provavelmente não será possível desenvolver uma teoria simples e elegante sobre o assunto. A conclusão é que, portanto, o melhor é utilizar a "eficácia absurda dos dados", ou seja, o processamento computacional de grandes massas de dados sem o desenvolvimento de um modelo bem definido.

Em 2011, a revista Forbes publicou o artigo "agora toda empresa é uma empresa de software" cuja ideia central é que mesmo as atividades-fim das empresas hoje estão interligadas com a computação. Segundo o texto, a Ford fabrica computadores com rodas, a Dreamworks é uma empresa de computação dedicada a criar animações e a FedEx possui o equivalente a uma empresa de computação em seu interior.

Em 2013, a O'Reilly publicou um artigo discutindo o fim da distinção entre o físico e o virtual. Segundo seu autor, avanços tecnológicos como a Internet das Coisas, as impressoras 3D e o crescimento do conhecimento sobre programação estão começando a permitir o desenvolvimento de produtos físicos de maneira colaborativa e com características "inteligentes" como vem acontecendo com o software. Ele ainda afirma que essa tendência deve reverter o conceito de economia de escala e, portanto, o tipo de produtos no mercado. Desde 2014 a O'Reilly promove uma conferência dedicada ao tema.

Publicidade

Em 2015, Tom Goodwin escreveu: "Uber, a maior empresa de táxis do mundo, não possui nenhum veículo. Facebook, a empresa de mídia mais popular do mundo, não produz conteúdo. Alibaba, a lojista de mais valor, não possui estoque. E a Airbnb, maior fornecedora de hospedagem do mundo, não possui imóveis. Algo interessante está acontecendo".

Qual será a relevância da questão do Software Livre no mundo hoje?

* Nelson Lago é gerente técnico do CCSL-IME/USP

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.