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Deu no New York Times

As maravilhas das panorâmicas automáticas

Panorâmica de Yosemite. FOTO: David Pogue

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Por David Pogue
Atualização:

Na minha coluna publicada na edição de hoje do Times, fiz a resenha de duas novas e radicais câmeras lançadas pela Nikon e pela Pentax - dois novos lançamentos na corrida para aperfeiçoar as câmeras reflex monobjetivas (também conhecidas pela sigla S.L.R.) de bolso. Os últimos modelos têm lentes intercambiáveis, mas sua peça principal é pequena o bastante para caber no bolso de uma calça.

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As duas câmeras apresentam algumas falhas consideravelmente incômodas. No caso da Nikon 1, seu principal defeito é o dial de seleção de modo de funcionamento. Este tem apenas quatro posições, sendo que duas são dedicadas a modos fotográficos enjoados que o usuário provavelmente nunca vai experimentar.

Temos, por exemplo, o recurso Motion Snapshot. A ideia é permitir que, ao tirar uma foto, a câmera registre tanto a foto quanto um vídeo de um segundo em câmera lenta mostrando o mesmo momento, acompanhado de uma breve melodia. Mas que diabos?

O pessoal da Nikon está provavelmente pensando que estamos entrando numa era pós-fotográfica. Talvez a popularidade do YouTube tenha lhes dado esta ideia. Quem sabe uma imagem congelada seja mesmo um resquício do passado, e um vídeo em câmera lenta de um segundo de duração seja aquilo que o mundo deseja daqui para frente.

Tenho minhas dúvidas. Mas não há nada de errado em repensar a fotografia instantânea, e gostaria de aproveitar a ocasião para prestar minha homenagem a um recurso cuja nova concepção é muito mais útil e bem sucedida: a panorâmica automática.

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Sou um conhecido apaixonado pela série de câmeras NEX, da Sony. Trata-se de modelos extremamente pequenos de câmeras de lentes intercambiáveis que, diferentemente das concorrentes Nikon e Pentax, contam com imensos sensores proporcionais aos das câmeras S.L.R. instalados dentro de si. (Estou enlouquecendo enquanto espero pelo lançamento da NEX-7, em novembro, que trará à família NEX duas características que faziam muita falta: um flash e um visor ocular.)

Além de tirar fotos invariavelmente maravilhosas, elas trazem também um recurso chamado Sweep Panorama, algo como "panorâmica de varredura", uma ferramenta já presente em muitas câmeras Sony. Para usar este modo, basta empunhar a câmera e descrever com ela um arco, segurando enquanto isso o botão do obturador. Ouve-se o obturador disparando repetidamente feito uma metralhadora conforme a câmera captura cada pedaço da paisagem, completando um arco de até 220° em torno do fotógrafo. É surpreendente a sua tolerância em relação à velocidade do movimento do braço.

Terminado o processo, olha-se para a tela da câmera e... ali está, INSTANTANEAMENTE, uma panorâmica perfeita, finalizada, sem nenhuma emenda aparente. Não é preciso se ocupar da montagem.

E quando digo sem nenhuma emenda aparente, estou falando sério. Esta tecnologia funciona.

Mais do que isto - trata-se de um recurso essencial. Ele transforma a fotografia. Pense no quanto sofremos para fazer fotografias mais largas. Compramos lentes grande angulares. Fazemos resenhas de câmeras e informamos o ângulo máximo de captura de suas lentes. Ora, adivinhe só: com o Sweep Panorama, tudo isto perde o sentido. Uma foto pode ser tão larga quando o fotógrafo desejar.

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As panorâmicas proporcionam uma representação muito melhor da sensação de se estar num lugar do que as pequenas fatias de paisagem que cabem numa foto normal. Pode-se de fato analisar a paisagem, olhando ao redor. E, depois de impressas, as panorâmicas rendem excelentes quadros para a parede. Principalmente acima de um sofá.

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Passei os últimos quatro meses trabalhando num especial científico da série Nova do qual serei o apresentador (o programa irá ao ar pela PBS em fevereiro). Viajamos pelo mundo - Yellowstone, Yosemite, Rússia e laboratórios espalhados por todo o país - e tenho usado constantemente o Sweep Panorama.

Postei algumas amostras de minhas viagens no endereço http://gallery.me.com/pogue/101683. Acessando-o, o leitor descobrirá alguns detalhes fascinantes.

Pode-se, por exemplo, empunhar a câmera normalmente ou inclinada em 90°. Ao incliná-la, obtém-se uma panorâmica bem mais alta, apesar de não ser tão larga. Este é na verdade o estilo que prefiro, pois as panorâmicas normais não são muito altas (e, chegando a 220°, são mais largas do que provavelmente seria necessário).

Há uma foto na qual apareço duas vezes. Pedi à nossa produtora assistente que começasse o movimento de varredura com o braço e, enquanto ela fazia as fotos, corri por trás dela para poder aparecer novamente no fim do arco, na mesma foto. Funcionou.

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Em outra foto, do porto de San Francisco, podemos ver um exemplo do ponto fraco do Sweep Panorama: o recurso não funciona bem quanto há movimento na cena. Eu estava a bordo de um cruzeiro que se aproximava do porto a uma velocidade considerável enquanto fazia as fotos. Na imagem, a ponte Golden Gate aparece toda segmentada. (Tirar fotos de pessoas em movimento também costuma ser problemático: às vezes as pessoas parecem ter sido esmagadas entre os limites de diferentes quadros.)

Acho que o Sweep Panorama não recebe metade da divulgação que merece. Acho que os engenheiros da Sony que aperfeiçoaram este recurso não recebem metade dos elogios que merecem. Talvez os retratos em movimento da Nikon não sejam uma novidade essencial para o universo da fotografia, mas não há dúvida que as panorâmicas fáceis o são. O Sweep Panorama podia muito bem ser chamado de Sweet Panorama: uma panorâmica automática de varredura que é doce como a rapadura.

/ Tradução de Augusto Calil

Publicado originalmente em 29/09/2011

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