Não é incomum ouvir relatos de mulheres que fizeram tudo certo em suas carreiras tanto quanto ou mais que os outros, e foram deixadas para trás, enquanto seus colegas homens subiam de cargo, ganhavam aumentos e viravam líderes. Muitas não entendem onde erraram ou onde foi que o plano de carreira não funcionou (apenas para elas).
É como se você comprasse a ideia de que - veja só que legal - mesmo sendo uma mulher num mercado majoritariamente masculino, você está pronta para lidar com as adversidades, conquistou o respeito dos seus iguais e o machismo é uma coisa do passado. Nesse mundo ilusório, por exemplo, piadas machistas e homofóbicas já não são mais toleradas e mulheres só não alcançam altos cargos se não quiserem.
A realidade entretanto é que o mundo a sua volta continua lhe oprimindo porque ele está montado e pronto para tal. Ser mulher na TI é, de duas uma: bater de frente com as perversidades sutis do ambiente hostil, ou continuar trabalhando sempre na mesma condição, aceitando o mundo em seu estado atual e supondo ser praticamente inviável mudá-lo. E quando Julian Assange, do Wikileaks, oferece emprego para o funcionário demitido do Google, afirmando que "censura é para os perdedores", o que vemos é uma falácia baseada em preceitos de liberdade de expressão, mas que sistematicamente é usada para justificar discursos que prejudicam mulheres no ambiente de trabalho. Não nos falta apenas ética, mas nos falta também empatia.