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A evolução da tecnologia virá das empresas menores

Há ainda um espaço grande a ser explorado

Por Filipe Serrano
Atualização:

* Publicado no 'Link' em 15/10/2012.

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Há ainda um espaço grande a ser explorado

Para alguém que acompanha a evolução da tecnologia desde o início da década de 1990, quando os computadores começaram a se popularizar no País, parecia haver uma certa lógica em como os aparelhos iam se modificando.

Seguindo a tradicional Lei de Moore, os chips dobravam a capacidade de processamento a cada dois anos. Era de se esperar que as máquinas ficassem mais velozes e melhores. Ao mesmo tempo, os sistemas operacionais avançavam em um compasso parecido. De tempos em tempos, a Microsoft lançava um novo Windows melhorado - como ela faz agora com o Windows 8 - e a Apple, um novo MacOS. Os celulares, por sua vez, encolhiam e acrescentavam novos recursos aos poucos: música, fotografia, vídeo, internet, TV.

No meio disso, veio a internet e, com ela, não foi diferente. Primeiro, em versão discada. Depois, a banda larga, ficava mais veloz ao longo do tempo. Ainda que muitas dessas mudanças tenham demorado para acontecer no Brasil, elas também chegaram aqui. A tecnologia ainda não atinge as faixas de renda mais baixas diretamente, mas a inclusão digital no Brasil também tem melhorado nos últimos 10 anos.

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Para as empresas de internet também parecia haver uma certa regularidade em seu avanço. A busca do Google foi aprimorada com o passar dos anos, e passou a adotar novas divisões: imagens, vídeos, notícias. Serviços online aumentavam sua capacidade. E-mails ganhavam gigabytes de espaço, enquanto surgiam ferramentas online para substituir softwares que precisavam ser instalados no computador, como editores de textos e de imagem.

Essa lógica ainda se mantém em alguns aspectos. A Apple é o melhor exemplo. A cada ano a empresa lança uma linha nova de produtos, acrescentando novos recursos e melhorando a capacidade de processamento. Smartphones, tablets e seus aplicativos abriam um outro mundo de inovação tecnológica.

Porém, a lógica dessas mudanças tem ficado de lado nos últimos anos. Ou melhor, hoje é ainda mais difícil saber para onde vai evoluir essa tecnologia que já faz parte da rotina das pessoas.

Os computadores continuam a ficar mais rápidos, mas não há mais um caminho definido além disso. A mais alta tecnologia atual nos trouxe o quê? Facebook, Orkut? Games sociais? É por aí que a tecnologia vai evoluir?

Há muitos caminhos além desses. A computação pessoal já tem quase três décadas, e ainda assim convivemos com alguns hábitos de um mundo que não era digital. Nossas urnas são eletrônicas, mas ainda temos de nos deslocar - em muitos casos, até outras cidades - para votar. E ainda dependemos muito de documentos em papel. Há anos fazemos o imposto de renda e acessamos os serviços bancários pelo computador, mas ainda precisamos de cartórios para registrar papéis em formato físico.

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Só agora, com a Lei de Acesso à Informação, os dados públicos começam a ficar mais disponíveis online no Brasil. Mas, em inúmeras situações, as informações das quais precisamos não estão nem digitalizadas e a busca do Google ainda é inútil.

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Há ainda um espaço grande a ser explorado por empresas de tecnologia. Há muitas áreas para as quais as próprias ferramentas digitais atuais não resolvem. Por isso, acredito que vivemos hoje uma transição para uma nova fase da era da informação. A transformação ainda está no começo e vai ser ainda mais impactante do que tem sido até agora.

A evolução vai depender cada vez menos dos tradicionais gigantes dessa primeira fase (Microsoft, Apple, Google e fabricantes como Intel, AMD, Samsung, etc.). As próximas empresas de tecnologia que vão liderar essas novas mudanças estão se formando agora ou ainda nem nasceram. E não há ainda caminhos definidos para elas. Em vez de computadores, hoje a mobilidade dos tablets e smartphones possibilita uma nova interação com a tecnologia. A internet nos conecta em qualquer lugar. Esse seria o principal ambiente para essas novas empresas surgirem, mas pode ser que as plataformas onde elas vão atuar talvez ainda nem existam.

- o Coluna anterior1/10: Pensar no celular em primeiro lugar já é uma regra para todos

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