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A grande inovação tecnológica criada pelo Facebook

O mundo e a internet não são mais os mesmos

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Por Filipe Serrano
Atualização:

* Publicado no 'Link' em 28/5/2012.

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Enquanto o lançamento das ações do Facebook se desenrola no que parece ser um escândalo financeiro com ares de novela, é preciso lembrar que há outros aspectos importantes sobre o futuro da rede social e o que ele representa para a evolução tecnológica.

Empresas da área crescem ao mesmo tempo em que provocam uma grande ruptura na forma como as pessoas lidam com a tecnologia. Foi assim com a Apple, quando lançou seus primeiros computadores, foi assim com o mercado de software desenvolvido pela Microsoft, com o surgimento da internet, e depois com o buscador do Google e todos os serviços (incluindo o sistema de anúncios) criado por Larry Page e Sergey Brin. Sem falar em iniciativas como a Wikipedia e os projetos de código abertos da Mozilla e outros.

A mudança provocada por estas empresas, organizações e tecnologias já é bastante conhecida. Mais do que um avanço, as tecnologias desenvolvidas por elas mudaram o hábito das pessoas a ponto de se tornarem um ícone da sociedade em que foram criadas.

Agora, qual foi realmente a ruptura que o Facebook provocou? E que tipo de ícone ele está se tornando para o mundo do fim dos anos 00 e início dos anos 10? Desconsiderando o seu IPO controverso, o Facebook inspirou e está inspirando o surgimento de diversos novos serviços que têm como principal característica o aspecto social. Conectar as pessoas virou de alguns anos para cá o lema e o foco das startups de internet.

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Isso porque o Facebook e seu fundador perceberam o valor das relações humanas quando eram digitalizadas, computadas e analisadas, não apenas para direcionar anúncios, mas para definir melhor os interesses de cada um e o que os próprios usuários desejam - ou desejariam - ver no Facebook e além dele.

A estratégia não era mais descobrir qual é o site mais relevante usando algoritmos que calculavam como os sites eram referenciados em outras páginas. Era medir como as pessoas trocavam informações entre si. Não é apenas um compartilhamento de conteúdo (vídeos, imagens, mensagens, expressões), mas uma troca que carrega um valor emocional.

Um clique num botão "Curtir" em uma notícia ou um post em um blog diz muito mais sobre a relevância daquela página do que um simples link para ela. Ele leva a sugestões de outros assuntos pelos quais a pessoa possa se interessar.

Afinal, a mídia social já existia antes da popularização do Facebook. A troca de conteúdo acontecia em outras esferas menos preocupadas em analisar o que era compartilhado, como MSN. Mas, a rede de Zuckerberg percebeu que havia algo a mais do simples mensagens enviadas pelos usuários do Twitter ou a troca de recados e fotos e a participação em comunidades, alguns dos hábitos dentro do Orkut.

Há muitas críticas sobre o modelo do Facebook. Ao fechar todo seu conteúdo, ele vai contra o princípio da própria internet, livre, aberta e, de certa forma, caótica como a sociedade. A exposição pessoal também causa dor de cabeça ao Facebook por sua postura de acreditar que a privacidade é um conceito ultrapassado.

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Talvez seja este o maior desafio da rede social agora. Enquanto o Google sempre se viu e é visto, apesar de todas as suas críticas, como uma empresa que procura melhorar a sociedade tornando todo tipo de informação mais acessível, o Facebook não conseguiu emplacar a imagem de que está realmente beneficiando a evolução da rede.

As informações que o site coleta têm um enorme valor, mas por enquanto o único beneficiado é o Facebook. Ao se fechar, há pouco espaço para o surgimento de algo novo que se aproveite da característica social. A saída para novas empresas tem sido construir redes paralelas que usam a mesma estratégia de calcular o interesse das pessoas, baseado nos dados que elas compartilham.

As consequências do poder do Facebook ainda serão sentidas nos próximos anos. Mas o fato é que o mundo e a internet já não são mais os mesmos depois dele. Para o bem e para o mal.

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