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Busca social é um jeito útil de lidar com os dados dos usuários

Resultados do Google são menos subjetivos

Por Filipe Serrano
Atualização:

Resultados do Google são menos subjetivos

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* Publicado no 'Link' em 21/1/2013.

Estamos vivendo um momento marcante para a história da internet e do futuro de como encaramos a rede. E isso vem na forma da busca social que o Facebook apresentou na semana passada, que é chamada de "Graph Search" por Mark Zuckerberg.

Durante os últimos 14 anos, vivemos (e continuamos vivendo) na internet organizada à maneira do Google, em que os links e páginas são dispostos de acordo com uma série de cálculos para que encontremos aquilo que é mais relevante. Um dos principais fatores, que deu origem ao Google, é a maneira como o conteúdo da internet se relaciona entre si. E isso é feito, principalmente, de acordo com a quantidade de referências (links) feitas a uma página específica em outros sites. Quanto mais um site é linkado por outros, melhor ele aparece nos resultado nas buscas. Foi a partir daí que o Google cresceu e mudou de vez a maneira como usamos a web.

Mas nem sempre é fácil encontrar aquilo que procuramos quando as informações estão organizadas dessa maneira, principalmente quando não sabemos exatamente a melhor palavra para descrever o que buscamos. Quando uma conversa direta com alguém não resolve, como encontrar respostas no ambiente digital para uma dúvida como: "qual é aquela banda que meu amigo falou que era um Coldplay realmente bom"? Ou então: "o nome do vinho que, há um ano, meu amigo disse que tomou num restaurante espanhol"?

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É difícil para uma empresa de internet criar uma tecnologia capaz de dar respostas a questões quando elas são pessoais. As referências necessárias passam pelas relações entre as pessoas e o que elas trocam, comentam, publicam e curtem.

Com o advento do Facebook, está ficando cada vez mais claro que existe um outro fator - o social - ainda mais importante para determinar a relevância daquilo que procuramos na internet. O que importa cada vez mais são as coisas que gostamos, páginas que curtimos, música que ouvimos, vídeos a que assistimos e tudo o que compartilhamos com as outras pessoas dentro dessa enorme rede paralela que o Facebook se tornou. O Google também tenta ser relevante neste aspecto, mas é o Facebook que tem o maior banco de dados com esse tipo de informação.

Aos poucos, nossos gostos e interesses passaram a ser também indexados, e é a partir disso que o Facebook pode ganhar força. A busca social ainda mal chegou ao público geral e começa a ficar disponível aos poucos para algumas pessoas que usam a rede social em inglês. Mas a ferramenta é um passo importante para a construção de uma internet mais inteligente, que entende melhor aquilo que nós buscamos.

Quando temos um lugar para procurar "bandas que meu amigo gosta" ou "restaurantes espanhóis que meus amigos frequentam", abrem-se novas formas de se usar a internet e outros caminhos para encontrar as respostas que buscamos.

Talvez fiquemos ainda mais dependentes de uma rede assim, cada vez mais filtrada por gostos pessoais. E existem muitos aspectos negativos dessa indexação pessoal. O The Onion, site que publica notícias de mentira, parodiou o lançamento do Facebook com um texto que dizia na manchete: "Usuários de internet exigem menos interatividade". No artigo, um personagem fictício reclama: "Toda vez que eu digito um endereço no meu navegador não quero ser levado para uma experiência completamente imersiva, interativa e multiplataforma", repetindo bordões das empresas de internet. "Tudo o que eu quero é entrar em um site, ver o que está lá pelo tempo que decidir e seguir com a vida."

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As frases, mesmo de brincadeira, refletem a preocupação com o fato de ter interesses catalogados. Alguns usuários sentem que o Facebook fica cada vez mais chato com esse objetivo de levar a camada social para todos os cantos da internet. Mas pelo menos as informações são usadas para criar um serviço do qual os usuários podem se beneficiar, em vez de ficarem restritas a grupos de empresas anunciantes para fazer publicidade direcionada.

- o Coluna anterior 7/1/2013: O domínio do Google atrapalha ou incentiva a inovação?

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