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Como o modelo da Netflix serve de exemplo para novos negócios

Locadora online atinge número inédito

Por Filipe Serrano
Atualização:

* Publicado no 'Link' em 9/7/2012.

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Foi com uma mensagem curta, publicada no Facebook semana passada, que o fundador e CEO da Netflix, Reed Hastings, anunciou uma marca importante para a empresa de vídeos online: em junho, a Netflix transmitiu mais de 1 bilhão de horas de filmes e séries por streaming. É a primeira vez que a quantidade é superada em um mês. "Continue assim, Ted", escreveu Hastings, cumprimentando o chefe de conteúdo Ted Sarandos. "Precisamos de ainda mais!"

Esta não foi a primeira boa notícia para a Netflix neste ano. No começo de junho, ela já havia tomado o lugar da Apple como o maior serviço de streaming de filmes e séries nos Estados Unidos em receita, segundo uma pesquisa da consultoria IHS iSuppli. A Netflix foi responsável por 44% do faturamento com filmes online no país em 2011, enquanto a Apple ficou com 32,3%.

Além de fortalecer sua posição nos EUA, a Netflix tem buscado mais assinantes no exterior, ao promover sua expansão internacional na América Latina e no Reino Unido desde o fim de 2011. Até março já havia conquistado pouco mais de 3 milhões de assinantes fora dos EUA. Ainda é pouco comparado aos mais de 23,4 milhões de clientes que ela tem no país de origem. Com o aumento da transmissão de conteúdo, é bem provável que os números já tenham subido no último trimestre - os resultados mais recentes serão divulgados no dia 24.

O atual cenário de expansão é resultado de uma mudança de postura comandada por Reed Hastings há alguns anos e que tem o potencial de transformar a Netflix em um líder dos filmes online tão forte quanto o Google é nas buscas.

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Até 2006, a Netflix era conhecida por seu serviço de aluguel de DVDs pela internet. Era um modelo novo e bastante audacioso. Desde de 1997 a estratégia da Netflix era oferecer uma quantidade de filmes por mês em troca de uma tarifa fixa e mensal. Não havia prazos para a devolução dos DVDs (algo ainda novo na época), multas ou a preocupação de sair para alugar um filme. O disco era entregue por correio. Com o tempo, ela desenvolveu uma tecnologia avançada de recomendação, que indicava quais seriam os próximos DVDs que o consumidor deveria alugar.

O modelo - e principalmente a pirataria - colaborou para a queda da Blockbuster. Mas Hastings, um engenheiro da computação que ficou rico depois de vender sua empresa de software nos anos 1990, percebeu logo que teria de mudar radicalmente e rápido. O crescimento da banda larga ia inevitavelmente levar o consumo de filmes para a web.

Aos poucos, com o YouTube, as pessoas se acostumavam a assistir a vídeos online e Hastings decidiu que era hora de lançar o seu serviço de streaming. De novo, o modelo era inovador. Por uma mensalidade fixa e barata de US$ 7, seria possível assistir a todo conteúdo do acervo. Mas não bastava estar na internet, acessada por meio dos computadores. A Netflix tinha de chegar a todos os aparelhos conectados: TVs, celulares, tablets e videogames. O Xbox 360, inclusive, foi o primeiro aparelho a incluir o serviço. "É possível que dentro de poucos anos, quase todo aparelho eletrônico conectado à internet incluirá a Netflix", disse Hastings em 2009 em uma reportagem da revista Wired.

Hoje, com uma conta na Netflix, é possível assistir aos filmes até na AppleTV, a central de mídia de sua principal concorrente. O acervo não é completo. Principalmente no Brasil, ainda há poucos lançamentos. Ver os capítulos mais recentes das séries americanas é impossível. Mas a restrição ocorre mais por causa dos contratos com estúdios e TVs.

Seu modelo, assim como o de muitos negócios na área de música, parece se encaixar bem no mundo atual. Não é à toa que um em cada três americanos já cancelou sua TV por assinatura. Com isso a empresa já é um dos maiores serviços de transmissão digital, responsável por boa parte do tráfego de dados online (entre 20% e 30% nos EUA).

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Hastings virou exemplo no Vale do Silício e desde o ano passado, faz parte do conselho do Facebook. Sua visão deve inspirar muitos empreendedores que desejam desenvolver um novo jeito de pensar o mundo digital.

- o Coluna anterior25/6: Twitter tenta aumentar sua relevância, mas ainda 'baleia'

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