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O domínio do Google atrapalha ou incentiva a inovação?

Busca universal usa os dados de outros sites

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Por Filipe Serrano
Atualização:

Busca universal usa os dados de outros sites

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* Publicado no 'Link' em 7/1/2013.

Uma das maiores disputas comerciais envolvendo o Google e seu domínio do mercado de buscas terminou na quinta-feira com um resultado considerado extremamente favorável à empresa.

A Comissão Federal de Comércio dos Estados Unidos investigava alegações de que a empresa adotava práticas que poderiam atrapalhar a competição comercial na internet norte-americana, como favorecer resultados de seus próprios serviços nas buscas.

Nada disso, porém, vai ser investigado detalhadamente pela agência reguladora, que tem atribuições que podem ser comparadas às do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) no Brasil. Na decisão publicada no dia 3, a Comissão disse que não havia razões para levar a investigação adiante, alegando que as práticas do Google atingiam apenas concorrentes específicos, e não o mercado de internet como um todo.

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A investigação preliminar, de acordo com a Comissão, foi feita principalmente sobre a ferramenta conhecida como "Busca Universal", que usa todo tipo de busca do Google (textos, imagens, notícias, vídeos, mapas, entre outros) para gerar resultados que dão respostas diretas ao termos que usuários buscaram.

Isso permite que o Google mostre uma caixa com informações objetivas sobre o que a pessoa procura, sem entrar em outra página. Uma busca pelo nome de um restaurante, por exemplo, traz o mapa do local, o telefone, o link para o site e as avaliações das pessoas sobre o lugar. Essa caixa é exibida antes mesmo da lista de links da busca tradicional do Google, os chamados resultados "orgânicos". Esses resultados mais comuns são gerados pelos algoritmos do Google que rastreiam a rede para organizar as páginas mais relevantes.

A única recomendação da Comissão foi que o Google crie um mecanismo para que as empresas, cujo conteúdo é usado para montar as caixas da busca universal - como sites em que as pessoas escrevem resenhas sobre restaurantes -, optem por não terem suas informações processadas pelo Google. Nos resultados "orgânicos", o conteúdo das páginas dessas empresas continua a ser indexado da mesma maneira.

A Microsoft, que tenta fazer vingar o seu buscador Bing, era a principal interessada no caso do Google na Comissão e ficou despontada com o desfecho. Ela esperava que as práticas do Google fossem investigadas mais a fundo. "Sabemos que o Google promove constantemente e fortemente seus próprios produtos dos resultados. O Google+ é realmente mais relevante que o Facebook?", provocou Dave Heiner, vice-presidente da Microsoft, em um longo comunicado publicado online.

O Google, porém, comemorou a decisão citando os benefícios que seus produtos trazem aos usuários. "A conclusão é clara: os serviços do Google são bons para os usuários e bons para a competição", escreveu o vice-presidente sênior e diretor executivo de assuntos jurídicos do Google, David Drummond.

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É difícil saber quem está certo nesta disputa, mas não é possível ignorar que o Google sempre teve uma postura bastante arrogante em relação ao conteúdo disponível online. Em muitos casos durante a sua história, o Google se beneficiou do conteúdo alheio para melhorar seus próprios serviços sem pedir permissão, seguindo sua meta de organizar todas as informações do mundo.

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Essa postura tem origem na personalidade dos próprios fundadores da empresa, Sergey Brin e Larry Page. A revista Fortune publica em sua edição de 14 de janeiro, um extenso perfil de Larry age, que desde abril de 2011 é também o presidente executivo (CEO) do Google. Escrito pelo veterano jornalista de tecnologia Miguel Helft, o texto demonstra a vontade de Page de resolver problemas, sem se preocupar com as consequências ou quaisquer barreiras.

Claro que o resultado é muito benéfico para as pessoas. Mas, nesse cenário dominado pelo Google, é possível questionar: existe espaço para novas ideias que podem gerar outras empresas inovadoras que trabalhem os dados tão bem quanto ele? É difícil de acreditar. E não há sinais de que a dependência sobre os serviços do Google vá diminuir.

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