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O que o discurso de Obama diz sobre o futuro da tecnologia

Presidente destaca novo modelo para a indústria

Por Filipe Serrano
Atualização:

Presidente destaca novo modelo para a indústria

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* Publicado no 'Link' em 18/2/2013.

Entre muitos aplausos, cumprimentos e palavras cercadas pela agenda política, econômica e internacional, Barack Obama tocou em alguns temas importantes relacionados à evolução da tecnologia em seu discurso ao Congresso dos Estados Unidos na semana passada.

O discurso anual, chamado de State of The Union, é um tradicional evento político do país realizado sempre no começo do ano, quando o presidente faz uma apresentação ou entrega um relatório sobre o "Estado da União" ao Congresso. É o momento em que ele dá sua visão sobre o que foi alcançado no último ano e o que o poder executivo busca fazer pelos próximos 12 meses.

No ano passado, por exemplo, Obama usou seu discurso para falar da importância de os Estados Unidos facilitarem a entrada de estrangeiros com formação qualificada que queiram desenvolver empresas de tecnologia no país. Seria uma forma de promover a criação de empregos. Entre os convidados especiais da primeira-dama Michelle Obama na ocasião - chamados para assistir ao discurso do presidente - estava o brasileiro Mike Krieger, um dos fundadores do Instagram (que publicou uma imagem sua com Michelle na rede social). Ao longo do ano, o presidente continuou a fazer pressão para que o Congresso faça uma reforma na lei de imigração com o objetivo de criar "vistos para startups", uma categoria especial de autorização de permanência dedicada aos empreendedores estrangeiros.

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No discurso deste ano, na terça-feira passada, Obama voltou a pedir uma reforma da lei de imigração. Mas, desta vez, o presidente preferiu dar ênfase à criação de empregos qualificados dentro dos Estados Unidos também pelas empresas do país.

"Nossa prioridade principal é fazer os Estados Unidos atraírem novos empregos e indústrias", disse ele, citando números do aumento de vagas e nomeando o caso de fabricantes norte-americanos que voltaram a montar produtos dentro do país em vez de terceirizar a produção para o exterior. "Neste ano, a Apple vai começar a produzir Macs nos Estados Unidos outra vez", disse Obama. Tim Cook, presidente executivo da Apple que assumiu o cargo de Steve Jobs, era um dos convidados da primeira-dama neste ano.

Para Obama, uma forma de "acelerar essa tendência" de as empresas criarem linhas de montagem nos Estados Unidos e atrair empregos é investir em novas tecnologias que podem melhorar a produção industrial e torná-la mais competitiva. O presidente citou especificamente o caso da impressão 3D, o método de criar modelos, objetos e peças usando máquinas que depositam material (como plástico) em camadas finíssimas até que o produto ganhe forma. Esse tipo de produção, para Obama, "tem o potencial de revolucionar a maneira como nós fazemos praticamente qualquer coisa", disse. Ele também pediu ao Congresso o apoio para financiar a expansão de institutos dedicados a aprimorar a tecnologia de impressão 3D e "garantir que a próxima revolução na produção industrial seja feita bem aqui, nos Estados Unidos".

Independentemente se essa revolução vai mesmo acontecer lá e não de uma forma disseminada em diversos países, existe uma mudança sobre aquilo que o presidente diz ser importante em questão de tecnologia.

O foco não está mais concentrado nas empresas fundadas por pequenos empreendedores que criam novos modelos de negócios baseados principalmente no ambiente online, e passa a ser no desenvolvimento de novos modelos tecnológicos para a indústria tradicional. Se antes a indústria era vista como um setor que deixaria de ter importância com o advento da economia digital, agora - ao menos no discurso do presidente -, ela volta ter um papel fundamental para o desenvolvimento de um país, se aproveitando tanto de novas tecnologias tão "revolucionárias" quanto das que abriram caminho para o digital.

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Talvez seja mesmo da indústria, e não da internet, que vão surgir as próximas grandes startups de tecnologia do futuro. É algo a se observar, e que valeria de modelo também para o Brasil.

- o Coluna anterior 4/2/2013: A dificuldade das startups para superar barreiras tradicionais

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