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Máquinas e aparelhos

As smart TVs não são o futuro da TV conectada

Smart TVs da LG em loja. FOTO: Lee Jae-Won/Reuters

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Por Camilo Rocha
Atualização:

No vasto museu de ideias descontinuadas da tecnologia, descansa em algum corredor remoto a TV com videocassete embutido. Apresentada em seu tempo como o máximo da praticidade, não pegou. Os consumidores preferiram continuar com os dois aparelhos separados.

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O princípio do aparelho de televisão é ser um receptor. É uma caixa passiva, que transmite conteúdo vindo de outros lugares. Precisa ter bom tamanho, som e imagem de qualidade, controle dos parâmetros e entradas na parte traseira para outros dispositivos.

Acontece que, de dois anos para cá, os fabricantes de televisores estão mais uma vez tentando nos vender uma TV com videocassete acoplado. O nome do produto agora se chama Smart TV, o nome que se dá para a TV que já vem com acesso à internet.

A premissa é razoável. Quem não gostaria de se livrar dos cabos e conexões na hora de tentar ver um vídeo do YouTube ou filme da Netflix na tela grande? Com a Smart TV, em tese, basta ligar e começar a navegar.

A realidade é um pouco mais complicada que isso. Uma pesquisa divulgada no ano passado pela Analysis Mason e feita em cinco países europeus e nos Estados Unidos revelou que apenas 44% dos proprietários desse tipo de televisor utiliza suas funcionalidades de internet.

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E por quê? Arrisco alguns palpites. São recorrentes, por exemplo, as reclamações da conectividade dos televisores. Muitos modelos vivem perdendo o sinal do roteador de casa. Há muitos casos nos sites de reclamações de consumidores e em páginas de atendimento ao cliente de muitos fabricantes. Há também a possibilidade da Smart TV travar. Normal, afinal ela também é um computador, certo?

Depois, boa parte dos aplicativos presentes nesses aparelhos não tem utilidade real ou sua experiência não combina com a tela grande. Alguém quer, por exemplo, ter seu Facebook e Twitter em visualização enorme para toda família acompanhar? O mesmo vale para serviços como internet banking, feitos para serem utilizado em um aparelho pessoal como o smartphone ou o PC.

Para piorar, os poucos aplicativos que interessam não estão em todos os modelos de TVs conectadas. Não há incentivo para isso. Os desenvolvedores têm que tratar com cada fabricante separadamente, porque, no momento, não há uma padronização na área. As fabricantes reagem lentamente. Uma iniciativa chamada Smart TV Alliance apresentou na CES deste ano a primeira proposta de plataforma unificada.

O mercado já providencia respostas melhores. Uma delas é o Chromecast, do Google, que deve chegar ao Brasil no fim de maio. Com tamanho de um pen drive, ele é inserido em uma entrada HDMI da TV, puxa a rede local de Wi-Fi e pode ser controlado pelo celular. É o mesmo princípio do já consagrado Apple TV. Também usam aplicativos próprios, mas são móveis, compactos e funcionam em qualquer televisão. Essa versatilidade faz muito mais sentido para o consumidor de hoje.

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