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Inovação e Tecnologia

As startups que nasceram do #MeToo

Brendan McDermid/Reuters

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Por Ligia Aguilhar
Atualização:
 

O assunto mais quente dos últimos meses nos EUA é a denúncia de centenas de casos de assédio sexual envolvendo diversos famosos como o produtor de cinema Harvey Weinstein, resultando em um movimento conhecido como #MeToo.

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O tema assédio já é debatido há tempos no mundo da tecnologia, mas a força conquistada pelo #MeToo abriu espaço para que uma série de startups baseadas no tema ganhem visibilidade. Novas e antigas soluções para ajudar as mulheres a se protegerem de abusos na vida pessoal e no ambiente de trabalho estão chegando ao mercado e ganhando destaque na imprensa.

Vamos conhecer mais de perto algumas dessas startups que são exemplo de como a tecnologia pode ajudar a denunciar e prevenir o assédio sexual.

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Bravely - Não é fácil denunciar problemas como assédio e discriminação para o departamento de recursos humanos de uma empresa. O medo de que a denúncia prejudique o funcionário e resulte em demissão é comum. É com essa premissa que a Bravely entrou no mercado. A startup lançou um serviço para que empresas ofereçam aos funcionários um conselheiro independente que possa ajudá-los a resolver conflitos e problemas de comunicação enfrentados no trabalho. Quando o funcionário acessa a ferramenta para relatar um problema, a Bravely automaticamente procura um especialista no assunto que possa conversar confidencialmente por telefone e orientar o funcionário sobre como agir.

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Legal Fling - O depoimento anônimo de uma fotógrafa sobre um encontro com o comediante Aziz Ansari colocou em evidência o debate sobre consentimento. Uma startup decidiu ajudar a evitar casos semelhantes e criou um app para deixar claro quando há ou não consentimento para um encontro avançar para uma relação sexual. O app Legal Fling, ainda em desenvolvimento, permite que um usuário mande para o outro um pedido de consentimento para o sexo por meio de um app de mensagens, como o Whatsapp ou Facebook Messenger. O destinatário responde ao pedido com apenas um toque e ainda tem a opção de notificar sua desistência, caso mude de ideia no meio do caminho. Cada usuário ainda pode registrar no app os seus limites, para que todas as partes (o app permite o pedido de consentimento para mais de uma pessoa) estejam cientes dos limites da relação e se há ou não consentimento. Para garantir o sigilo das informações, o app utiliza a tecnologia blockchain.

::LEIA TAMBÉM: As perguntas certas sobre sexismo no mercado de tecnologia::

We consent - O app ajuda a deixar claro quando há ou não consentimento para que um encontro avance para uma relação sexual. Funciona assim: um usuário grava um vídeo com a câmera frontal do celular dizendo o seu nome e o nome da pessoa com quem deseja ter uma relação sexual. Na sequência, a câmera traseira grava o parceiro dizendo o seu nome e respondendo se há ou não consentimento para a relação sexual. O vídeo é salvo e criptografado pela empresa criadora da plataforma, tornando-se inacessível até mesmo para o usuário do app. O vídeo pode ser obtido no futuro por uma das partes, caso seja necessário provar que houve descumprimento do acordo firmado. A mesma empresa também oferece um outro app chamado "What About No", que funciona como um botão de emergência que estampa a palavra não na tela do celular caso uma das partes mude de ideia durante a relação.

tEQuitable - A startup quer que todo mundo se sinta incluído no ambiente de trabalho. Para isso, criou uma plataforma que funciona como um ombudsman digital, onde empresas e funcionários possam registrar, de forma segura, problemas como preconceito, assédio e discriminação. A ideia é eliminar o medo de retaliação de um funcionário ao fazer uma denúncia e ajudar as empresas a identificar por meio de dados problemas crônicos que afetem o ambiente de trabalho. A plataforma ainda está em beta e, por enquanto, aceita apenas inscrições em sua lista de espera.

::LEIA TAMBÉM: Descubra qual o futuro do trabalho::

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AllVoices - A startup ainda não colocou o seu produto no mercado, mas também promete ajudar os funcionários a denunciar assédio no ambiente corporativo. A ideia é que os funcionários possam registrar anonimamente queixas sobre a empresa. A AllVoices analisa os dados e identifica padrões e problemas que ocorrem de forma sistemática dentro da corporação, alertando a liderança sobre problemas com a cultura da companhia.

Legalist - A startup é conhecida por financiar processos judiciais. O usuário só precisa registrar detalhes do seu caso e enviar para análise. Se o caso for considerado promissor, a startup cobre todos os custos do processo e só cobra a devolução do valor em caso de vitória na Justiça. Com as denúncias recentes de assédio sexual, a Legalist lançou uma linha telefônica exclusiva para oferecer suporte a vítimas de assédio sexual. A empresa promete financiar em até US$ 100 mil os casos mais relevantes.

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Outros destaques

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As redes sociais e as ferramentas de busca estão em baixa - Um estudo da empresa de relações públicas Edelman descobriu que a confiança das pessoas em ferramentas de busca e nas redes sociais está diminuindo, enquanto a confiança no jornalismo tradicional reverteu a trajetória de queda e voltou a subir. As discussões sobre a proliferação de notícias falsas e a criação de bolhas de informação nas redes sociais parecem ter afetado a percepção do público sobre essas ferramentas. Não é a toa que Mark Zuckerberg anunciou no início do ano que sua meta no ano será consertar o Facebook. Veja o estudo completo.

Interesse em privacidade online não pára de crescer - Criado há uma década como uma ferramenta de buscas que garante o anonimato, o DuckDuckGo está em ascensão (veja gráfico). O interesse do público por ferramentas que não coletam dados pessoais para vender a anunciantes tem crescido nos últimos meses. Para aproveitar o momento, a empresa acabou de lançar um novo app e uma extensão para navegadores que bloqueia rastreadores de dados ocultos pela internet.

Cuidado com o que você recebe por WhatsApp - Uma matéria da Vice (em inglês) explica como o WhatsApp tornou-se um terreno fértil para a disseminação de notícias falsas. Em ano de eleições, todo cuidado é pouco.

O futuro dos vestíveis. A Wired publicou (em inglês) uma matéria sobre como fabricantes de controles, óculos de realidade virtual e vestes para games estão usando tecnologia tátil para que os usuários sintam na pele o que está acontecendo no jogo. Quer alguns exemplos? Já existe um controle que esquenta e esfria de acordo com o que acontece no jogo. Uma luva transmite sensações como peso, uma picada de inseto ou uma espetada. Há ainda um colete de plástico e uma máscara que simulam a sensação de levar um soco.

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