PUBLICIDADE

Foto do(a) blog

Videogames de A(tari) a Z(elda)

Pré-história dos hadoukens

Já falamos do legado deixado por Street Fighter para os videogames e também das criações inspiradas na série da Capcom. O assunto desta vez é de onde os produtores do game original tiraram suas ideias para um jogo de luta um-contra-um com técnicas variadas entre os lutadores.

Por João Coscelli
Atualização:

Veja também:ESPECIAL INTERATIVO: Os 25 anos de Street FighterTOMOAKI AYANO: 'Street Fighter é o jogo de uma geração' 

PUBLICIDADE

Primeiro, é preciso desmistificar a série. Street Fighter não inaugurou o gênero de luta. As principais origens desses jogos estão nos anos de 1984 e 1985, ao menos três anos antes do Street Fighter original. O que a Capcom fez foi identificar aspectos potenciais em cada um deles para fazer seu próprio título e, posteriormente, erguer os pilares definitivos com Street Fighter II.

Karate Champ, da Data East (a mesma que foi processada pela Capcom anos depois), chegou aos arcades em 1984 como o primeiro jogo de artes marciais de combate individual. Não se tratava de um personagem avançando pela tela e distribuindo porrada nos inimigos, e sim de uma honrosa disputa entre caratecas.

O jogador não tinha barra de vida. Ganhava quem marcasse dois pontos, o que era possível ao acertar um único golpe no adversário. A estratégia era fundamental, principalmente com as técnicas executadas por combinações de comandos nos controles - o que viria a ser usado em todos os demais games de luta posteriores. Estava estabelecido o mote do gênero: a competição entre dois jogadores tentando levar um ao outro à lona.

Um ano depois, a Melbourne House lançou The Way of the Exploding Fist, que funcionava nos mesmos moldes de Karate Champ - sistema de pontuação por gole recebido, golpes executados por combinações de comandos, um-contra-um. Nada de muito novo em relação ao antecessor, mas a luta saiu do dojô e foi parar em outros cenários de temática oriental.

Publicidade

Mas a maior herança vem de Yie Ar Kung-Fu, da Konami, também de 1985. Os lutadores ganharam uma barra de vida, que fica menor a cada golpe recebido. Com isso, a luta ficou mais fluida, uma vez que não era interrompida frequentemente. Menos realistas, os saltos ganharam mais importância na movimentação dos personagens e o combate passou de estratégico a impulsivo.

Apesar de só ter à disposição um lutador, o jogador enfrenta adversários diferentes a cada nível, cada um com características e técnicas individuais - o nos anteriores, o inimigo era o mesmo e apenas o grau de dificuldade aumentava conforme o avanço.

E então, em 1987, com a tecnologia já mais avançada, a Capcom se arriscou com Street Fighter. Lutadores únicos, cada um representado uma arte marcial e países diferentes, animações, melhorias gráficas, sonoras e mecânicas, fases de bônus e um sistema de pontuação com base no tempo e na performance do jogador, técnicas "secretas" dificílimas de executar, mas exageradamente poderosas, dois rounds por luta. Essa foi a fórmula do primogênito da série que, quatro aos depois com a continuação, ganhou a fama que nunca mais deixaria de ter.

Não é fácil olhar para esses jogos que representam a gênese dos games de luta e ver mais que borrões de pixels e bipes de uma velharia. Mas seu valor histórico é inestimável e seu legado, apesar de incalculável, se vê presente todas as vezes em que ligamos os consoles para distribuir algumas pancadas nos colegas ou na CPU.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.