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Videogames de A(tari) a Z(elda)

Tiro no pé

GameStop tem sistema de créditos e trocas

Por João Coscelli
Atualização:

Um dos principais boatos sobre a nova geração de consoles que têm rodado a imprensa é a informação de que essas plataformas bloqueariam games usados. A estratégia de Sony e Microsoft, que devem lançar seus aparelhos deste ano, tem como objetivos vender mais softwares e evitar que os jogadores gastem seu dinheiro em um produto já comprado antes, praticamente obrigar que cada um tenha sua própria cópia do jogo.

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Nenhuma das duas empresas confirmou os rumores, mas de acordo com a GameStop, a maior rede de varejo especializada em games dos Estados Unidos, essa estratégia é um tiro no pé da própria indústria. Segundo Rob Lloyd, diretor financeiro da companhia, 60% dos clientes não comprariam um console da nova geração se os jogos usados fossem bloquados.

"Os consumidores querem a possibilidade de jogar jogos usados, querem portabilidade, querem cópias físicas. E não ter essas coisas seria uma razão substancial para que eles não comprem um novo console", disse ele. Tudo isso conforme alguns dados colhidos em uma pesquisa interna conduzida pela GameStop, que também comercializa títulos usados.

O comércio de jogos de segunda mão é considerado um problema para as produtoras e fabricantes, uma vez que o dinheiro não tem tais empresas como destinatário final. A introdução do formato digital é um dos fatores que surgiu como solução para essa barreira, uma vez que não há como repassar um título baixado diretamente no console. Há que se considerar também o fato de que os códigos promocionais de alguns jogos não são aproveitados pelo segundo dono, o que afasta compradores.

Mas bloquear o uso de jogos usados é uma política extremamente invasiva. Uma vez que o consumidor paga - um preço bem salgado, aliás - por um produto, deve gozar do livre direito de utilizá-lo como bem entender, contanto que não desrespeite normas ou leis impostas legalmente. Piratear o bem, por exemplo, não pode. Mas revendê-lo uma vez que não mais se interessa pelo produto não infringe nenhuma regra.

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Transportando as circunstâncias para mídias diferentes, a situação soa absurda. Imagine comprar um livro e, ao terminá-lo, não poder vendê-lo, trocá-lo ou sequer emprestá-lo a um conhecido. Ou, ao comprar um DVD, saber que ele só será reproduzido no seu aparelho.

O comércio de games usados é vital para a saúde da indústria, principalmente em países como no Brasil, onde os games são caríssimos. Boa parte dos consumidores só compra consoles porque tem ao seu alcance jogos de segunda mão e sistemas de troca como o criado pelo TrocaJogo. Do contrário, pensariam muitas vezes antes de adquirir uma plataforma, sabendo que teriam de pagar R$ 200 por todo games que quisessem.

Ao bloquear os games usados, as fabricantes estão olhando para apenas uma face da moeda. De um lado, farão com que todo jogador que quiser determinado jogo compre sua própria cópia. Do outro, porém, afastarão o consumidor que se apoia no mercado de segunda mão, desrespeitando um público que paga caro por um produto que terá seu uso limitado. Essas empresas precisam ponderar se colocar seus interesses em primeiro lugar valerá a pena a longo prazo. E é bem provável que não.

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