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Quem joga, sabe

Com um olho no passado, 'Mario Kart 8' mostra futuro para a Nintendo

Lançado durante a Copa, jogo é uma carta de amor aos videogames e indica que solução para crise da japonesa está dentro de casa

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Por Bruno Capelas
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Por Bruno Capelas

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Uma das franquias mais amadas de todos os tempos pelos fãs de games, Mario Kart 8 chegou ao mercado com uma missão complicada: ser um título capaz de impulsionar as vendas do Wii U, console lançado pela Nintendo em 2012, e que, apesar de características inovadoras, vendeu apenas 6 milhões de unidades em todo o mundo. Pior: teria de ser um game capaz de ajudar a japonesa a sair do buraco depois de três anos de prejuízo consecutivos e descrédito por parte de muitos jogadores e analistas de mercado.

Entretanto, sem chororô: ao melhor estilo "ousadia e alegria" que lhe é característico, Mario Kart 8 parece ter ignorado toda a pressão nas costas e é capaz de fazer um bom gamer sorrir por horas com seu videogame-arte, videogame-moleque, videogame-joga bonito.

 Foto: Estadão

Se você nunca ouviu falar nem sequer jogou a franquia, algumas explicações: derivada dos jogos de plataforma do encanador bigodudo, Mario Kart põe os personagens da turma do Mario (como o irmão Luigi, a princesa Peach e o macaco Donkey Kong) em karts, motos e bicicletas para apostar corridas extremamente divertidas, nas quais regras convencionais não são simplesmente respeitadas.

Afinal, porque em uma série de jogos em que obstáculos são bananas para você escorregar, o melhor jeito de atrapalhar os rivais é com cascos de tartaruga e de repente o seu carro pode ficar pequeno porque tomou um raio, nada pode ser convencional. Se, em versões anteriores as novidades respondiam por mais itens, corridas em dupla ou captura de gestos, agora a coisa ficou séria: que tal desrespeitar a Lei da Gravidade de Newton e abusar disso com gráficos insanos e belos?

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É mais ou menos essa a ideia em Mario Kart 8, que mantém o núcleo da série e investe pesado em pistas em que se pode correr pelas paredes e outras na qual é possível ultrapassar um adversário correndo em cima dele, de ponta-cabeça. Porém, o melhor de tudo é que você só se dá conta disso quando para pensar no que está acontecendo: na primeiras corridas, a sensação apenas é de admirar e gastar o dedão acelerando e fazendo derrapagens para chegar em primeiro nas corridas. Aliás, chegar em primeiro nas corridas é uma missão importante: como de costume, é preciso ganhar provas e troféus para desbloquear pistas novas, personagens e até mesmo personalizações para o seu veículo (incluindo até mesmo tipos de paraquedas diferentes).

 Foto: Estadão

Para quem já está acostumado com a série, os comandos continuam os mesmos. Para quem nunca jogou, não é difícil pegar o jeito nos primeiros quinze minutos de corridas com o 'tabletão' que é o Wii U Gamepad (um controle que permite até que você desligue a TV, por ter sua própria tela), jogando cascos e aprontando altas traquinagens. Um dos pontos mais interessantes do jogo - e uma das novidades - é a Mario Kart TV, função que seleciona os melhores momentos de suas corridas (embora às vezes a seleção da imagens seja meio tosca) e permite o compartilhamento nas redes sociais para tirar aquela onda com os amigos e até fazer memes como o Luigi Death Stare.

Único ponto fraco do game, o modo batalha parece ter perdido em diversão em sua nova adaptação: se antes havia pistas específicas para esse tipo de jogo, um verdadeiro "pega pra capar" com bombas e bexigas para serem a estouradas e muita correria, em Mario Kart 8 os desenvolvedores preferiram apenas usar as mesmas pistas usadas na corridas. Feio.

 Foto: Estadão

Entretanto, o desleixo com as batalhas parecem ter certo equilíbrio na valorização de pistas antigas da série presentes em Mario Kart 8. Mais do que simplesmente colocar as pistas antigas no jogo, a Nintendo se esforçou para adequá-las ao sistema antigravitacional de seu novo título, sem perder o charme de outrora. Talvez esse ponto do jogo seja o mais importante - não porque é extremamente divertido nem nada - mas simplesmente porque revela o caminho a ser seguido pela empresa para se reerguer.

Ao contrário de suas rivais Sony e Microsoft, a Nintendo tem em sua principal força os seus próprios personagens com seus jogos já mais que clássicos - Mario, Zelda, Star Fox, Super Smash Bros, Metroid... a lista é imensa. São jogos que têm apelo enorme com quem cresceu brincando com eles, e com capacidade de se aproximar dos novos gamers que nunca curtiram um Super Mario Bros em 8 bits.

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Apelar para essa nostalgia talvez seja simples demais, mas é uma receita que pode funcionar para reerguer a empresa. Mario Kart 8, que renova o universo das corridas de kart tresloucadas do encanador bigodudo com uma coisa simples (porém dificil de ser executada), como a quebra da Lei da Gravidade, é um bom começo para isso. Afinal, como dizia o poeta, "quando penso no futuro, não me esqueço do passado". Em uma cultura que valoriza a tradição, como a dos japoneses, parece imprescindível para a Nintendo pensar nisso para seguir adiante coletando moedinhas e encantando gamers como é um costume há mais de três décadas. Com Mario Kart 8, a largada já está dada.

 Foto: Estadão

SERVIÇOMario Kart 8Desenvolvedora: NintendoJá disponível no BrasilPreço sugerido: R$ 199,90Plataforma: Wii U

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