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A perda de valor da Oi

Criada para ser a "supertele nacional", a Oi encontra-se numa posição vulnerável, em um momento em que pode ser alvo de interesse internacional. Segundo levantamento da Economática, seu valor de mercado caiu 46% desde 24 de abril de 2008, um dia antes de a empresa anunciar a compra da Brasil Telecom.

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Por Renato Cruz
Atualização:

O valor da empresa caiu de R$ 23,3 bilhões para R$ 12,6 bilhões na quarta-feira, mesmo depois da fusão. No mesmo período, o índice Bovespa subiu 0,4%, passando de 64.567 pontos para 64.829 pontos.

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Analistas de mercado corroboram a visão de que o preço da Oi está baixo. A Brascan Corretora tem como preço-alvo para as ações preferenciais da Telemar (Oi) R$ 53,73. Ontem, o papel fechou cotado a R$ 28,05. Ou seja, o valor da empresa está 48% abaixo do que seria o seu potencial.

Essa vulnerabilidade explica a reunião feita na semana passada entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e os controladores da Oi, que pediram blindagem da empresa contra pretensões da Portugal Telecom (PT) de participar de seu controle. Outro motivo para a reunião, segundo fontes de mercado, foi garantir uma participação importante no Plano Nacional de Banda Larga (PNBL), abocanhando uma fatia importante dos contratos estatais que serão repassados para a Telebrás.

A Oi não quis comentar o assunto. Seus controladores - Andrade Gutierrez e La Fonte (do empresário Carlos Jereissati) - também preferiram não se pronunciar. Na próxima quarta-feira, uma assembleia de acionistas da PT decidirá sobre a oferta de 6,5 bilhões da Telefónica pela fatia dos portugueses na Vivo. A Oi está sendo apontada como a principal alternativa para a PT continuar no Brasil, caso a venda da Vivo seja consumada.

Juntos, Andrade Gutierrez e La Fonte têm somente 38,65% do capital da Telemar Participações, dona da Oi. O restante pertence a fundos de pensão e ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

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O valor de mercado da Oi está sendo castigado, entre outros fatores, pela tentativa frustrada da empresa de promover uma reestruturação acionária. Os acionistas minoritários da Brasil Telecom recusaram na semana passada uma proposta de troca das ações da operadora por papéis da Oi. Essa operação reduziria custos e aumentaria a liquidez dos papéis da Oi.

"Outro fator foram os resultados não muito positivos em 2009", disse a analista Beatriz Battelli, da Brascan Corretora. "2010 deve ser diferente, já que a estratégia da empresa é rentabilidade, e não crescimento."

Essa pisada no freio do crescimento já começa a aparecer nos números. A companhia planeja investir de R$ 3 bilhões a R$ 4 bilhões neste ano, comparados a uma previsão de R$ 5 bilhões e R$ 6 bilhões no ano passado. A Telefônica, que está somente no Estado de São Paulo e não tem operadora celular, planeja investir R$ 2,3 bilhões. A Oi está em todo o Brasil, e combina telefonia fixa e celular.

Mais informações no Estado de hoje ("Valor de mercado da Oi caiu 46% desde a compra da Brasil Telecom", p. B12).

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