O argentino Marcos Galperin (foto), de 39 anos, é um sobrevivente da internet. Em 1999, ele criou o MercadoLibre (MercadoLivre, no Brasil) para se tornar um site de leilões para a América Latina. Na época, muita gente tentava o mesmo. "Houve um momento em que tínhamos 42 concorrentes diretos", diz Galperin, que visitou o Brasil há duas semanas, para inaugurar uma nova sede em Alphaville (SP).
Todos tinham o sonho de abrir o capital na bolsa eletrônica Nasdaq, nos Estados Unidos. O MercadoLivre foi o único que conseguiu e ainda está aí para contar a história. Outras empresas surgidas na Argentina - como o site financeiro Patagon e o portal El Sitio - tinham planos para a América Latina, mas não existem mais. O portal StarMedia, fundado pelo uruguaio Fernando Espuelas, chegou a abrir o capital na Nasdaq, mas quebrou.
O MercadoLivre, por outro lado, conseguiu sobreviver ao estouro da bolha, que aconteceu um ano depois de sua criação, abriu o capital em 2007 e é uma empresa rentável, em crescimento. Em 2010, lucrou US$ 56 milhões sobre um faturamento de US$ 216,7 milhões. Hoje, os leilões são responsáveis por menos de 5% dos negócios fechados no MercadoLivre, que se tornou uma plataforma de comércio eletrônico para pessoas físicas e pequenas empresas.
O grande desafio hoje para o MercadoLivre, cujo principal acionista (com 18,4%) é o site americano de leilões eBay, é se adaptar a esse novo cenário de aplicativos para celulares inteligentes e tablets.
"Estamos terminando um processo, que começou há um ano e meio, de mudar completamente nossa tecnologia", diz Galperin. "Os resultados desse trabalho estão começando a ir ao ar. Estamos convertendo o MercadoLivre numa tecnologia aberta. Qualquer um poderá fazer uma aplicação para o iPhone, o BlackBerry ou o Android."
Foto: Enrique Dans / Creative Commons
Mais informações no Estado de hoje ("MercadoLivre quer se reinventar para tablets e smartphones", p. N5).
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