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Chris Anderson, empreendedor

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Por Renato Cruz
Atualização:
 

Chris Anderson (foto) é conhecido como editor da revista Wired e autor dos livros A Cauda Longa e Free. Mas ele também é um empreendedor. Anderson fundou em San Diego a empresa DIY Drones/3D Robotics, que fabrica equipamentos para amadores que constroem aviões não tripulados. Com faturamento entre US$ 2 milhões a US$ 3 milhões, a empresa cresce 100% ao ano.

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Programado para sair ano que vem, seu novo livro, Atoms Are the New Bits ("átomos são os novos bits"), trata do que ele chama de a "próxima revolução industrial", com hardware de código aberto (desenvolvido coletivamente, sem royalties) e microfábricas. E sua empresa é um exemplo desse novo modelo.

Anderson recebeu o Estado na redação da Wired, no terceiro andar do número 305 da Third Street, em San Francisco, para falar sobre o que faz o Vale do Silício único. A seguir, trechos da entrevista.

Sua empresa tem investidores?

Nós crescemos organicamente, sem investidores. Coloquei um pouco do meu dinheiro, mas não muito, para começar. Principalmente do cartão de crédito. Sem investidores, sem capital de risco, sem empréstimos. É um tipo de negócios que faz dinheiro a partir do primeiro dia.

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Por que você não abraçou o modelo do Vale do Silício, de buscar investidores para crescer rápido?

Não existe um único modelo do Vale do Silício. Muitas pessoas acreditam em autofinanciamento. Além disso, queríamos manter o controle. Não queríamos investidores nos pressionando a fazer coisas que não queríamos fazer. Por fim, não precisávamos. Temos um processo de desenvolvimento bem barato, com hardware de código aberto. A pesquisa e desenvolvimento é feita pela comunidade, de graça. O modelo é bem eficiente.

Por que tantas empresas importantes nascem no Vale do Silício?

Em primeiro lugar, os empreendedores vêm para o Vale do Silício. Em segundo, temos muitos bons exemplos. Todo mundo conhece alguém que é um empreendedor. Então é muito fácil saber como as coisas acontecem. Em terceiro, é muito fácil conseguir informação e ajuda. Se você precisa de dinheiro, pode conseguir aqui. Tudo está a uma mensagem de correio eletrônico ou um telefonema de distância.

Por que é necessário estar fisicamente aqui, se vivemos num mundo tão conectado?

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Por que você está aqui pessoalmente, se poderia conversar comigo pelo telefone? Um encontro físico se destaca em um mundo de interações virtuais.

Não se vê muitos sinais da crise econômica por aqui.

O Vale do Silício não está em recessão. O setor de tecnologia é anticíclico. Tivemos a nossa própria crise em 2000 e neste momento a indústria está crescendo. Mas isto não são os Estados Unidos. Temos falta de imóveis, no lugar de excesso.

Na sua opinião, é possível recriar este ambiente em outros lugares?

Sim, mas não é necessário. O Vale de Silício é especial por vários fatores: universidades de classe mundial, empreendedores, apetite por risco, muitos imigrantes, o acesso ao Pacífico e outros. Algumas características são facilmente replicáveis, como a diversidade e boas universidades, aspectos culturais e de negócios. Nova York está indo muito bem. Boulder, no Colorado, também. Fora dos EUA, existem concentrações em lugares como Xangai e Shenzhen. Cada lugar é diferente. Nova York tem um foco maior em mídias sociais, Boulder em hardware. Não é possível recriar o Vale do Silício, mas outra coisa que seja boa para o seu país e para o momento.

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O Vale do Silício está ligado à contracultura dos anos 60?

De certa forma, a tolerância por uma ampla gama de comportamentos atrai pessoas. Quem é inteligente se sente atraído por um ambiente de tolerância. Gênios podem ser estranhos, então é preciso aceitar a estranheza. A contracultura aceitou a estranheza e encontrou coisas boas nela. A Apple foi criada a partir de princípios da contracultura: "pense diferente". É difícil imaginar certas coisas acontecendo em outros lugares. Quando falo em contracultura, não quero dizer drogas e hippies, mas uma ampla diversidade de pessoas e tolerância verdadeira à estranheza.

O que um empreendedor precisa fazer e o que não deve fazer?

O que um empreendedor precisa fazer é entregar, colocar o produto porta afora. Mesmo que não esteja pronto, precisa executar. Acho que o corolário é o oposto: testar, fazer pesquisa de mercado, tentar criar um produto perfeito e ficar obcecado em fazer certo. Já vi muitos empreendedores que ficam repetindo que não está pronto, que é preciso acrescentar mais uma funcionalidade. Dois anos se passam, nenhum produto é lançado e o mercado acaba seguindo em frente. Simplesmente faça. Lance alguma coisa e depois adapte.

No Estado de hoje ("Chris Anderson: 'É preciso lançar o produto, mesmo se não estiver pronto'", p. B11).

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