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Do Brasil para a Nigéria

A promessa de que o celular vai substituir a carteira está aí há anos. Mas, no mundo todo, tem demorado mais que o esperado para se materializar. Segundo a consultoria Gartner, os usuários de pagamentos móveis devem chegar a 141,1 milhões este ano, um crescimento de 38,2% sobre 2010.

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Por Renato Cruz
Atualização:

Pode parecer bastante, mas é quase nada numa base mundial de 6 bilhões de celulares. O volume de dinheiro movimentado pelos pagamentos móveis, ainda de acordo com o Gartner, aumentará 75,9% em 2011, para US$ 86,1 bilhões.

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Um dos casos de maior sucesso do mundo em é o M-Pesa, da Safaricom, no Quênia. Lançado em março de 2007, tem mais de 14 milhões de clientes. Por falta de infraestrutura bancária, os quenianos passaram diretamente das cédulas de papel para os pagamentos via telefone móvel, sem passar pelos cartões de plástico. Da mesma forma que, nas telecomunicações, abraçaram os celulares, pulando a fase do telefone fixo.

A brasileira Freeddom espera fazer a mesma mágica na Nigéria. A empresa assinou um contrato com o United Bank for Africa (UBA), maior banco da país, para fornecer um serviço de pagamentos via celular. O sistema foi homologado pelo banco central nigeriano e o UBA planeja incentivar, numa primeira fase, que metade de 8 milhões de correntistas migre para o serviço.

"Há um mês e meio, recebemos a licença permanente", disse Guilherme Messiano, diretor de Novos Negócios da Freeddom. Antes disso, tinham feito um piloto com 5 mil pessoas. Segundo o executivo, cerca de 4 milhões de clientes do UBA têm o equivalente a menos de R$ 200 depositados em suas contas e, por isso, o banco chegou à conclusão que seria melhor se eles migrassem para os serviços móveis, no lugar de manter uma conta convencional. O maior potencial no entanto, são os 90% da população queniana que ainda não têm conta em banco.

A Freeddom criou o Paggo, vendido para a Oi, que depois tornou-se sócia da Cielo no serviço. O Paggo é hoje o maior sistema de pagamentos móveis no País, com cerca de 80 mil usuários. No mês passado, foi relançado.

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Com o relançamento, a conta do Paggo passou a estar vinculada a um cartão de crédito, e as máquinas da Cielo passaram a aceitar pagamentos via celular, inicialmente na Região Nordeste. "Com isso, rompemos uma barreira de crescimento", disse Eduardo Chedid, vice-presidente executivo de Produtos e Negócios da Cielo.

Até o fim do ano, as máquinas da empresa aceitarão pagamento por celular em todo o Nordeste e, durante 2012, em todo o País. Um dos obstáculos à adoção do Paggo era o número limitado de estabelecimentos preparados para o serviço.

O Paggo funciona via SMS: o cliente recebe uma mensagem, pedindo a confirmação da compra, digita a sua senha e, depois, recebe outra mensagem confirmando a transação. O lojista só digita na sua máquina o número do celular e o valor da transação.

"O cliente tem recebido o SMS, em média, em quatro a seis segundos", disse Chedid. "Tem sido bem positivo o retorno sobre a usabilidade."

A Cielo também aposta na substituição da máquina leitora de cartões, chamada de POS, pelos celulares. A empresa tem aplicativos para smartphones, nas versões iOS (iPhone e iPad) e Android, para receber pagamentos.

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"Temos cerca de 52 mil usuários", afirmou o vice-presidente da Cielo. "Ainda são três iPhones para cada Android, mas a versão para Android saiu seis meses depois."

Segundo ele, 24% dos usuários são do setor de saúde (dentistas e médicos). "Isso é bem interessante, porque o uso de cartões nessa área ainda é muito baixa", explicou. O valor médio do pagamento recebido pelo aplicativo é de R$ 180, acima da média de R$ 80 na máquina leitora de cartões.

Mais informações no Estado de hoje ("Brasileiros levam pagamento móvel para a Nigéria", p .B17).

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