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O Brasil no mundo

País deixou de assinar acordo de livre comércio de eletrônicos e pode perder a oportunidade da internet das coisas

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Por Renato Cruz
Atualização:

Jumpy é o smartphone infantil criado por uma startup de Taiwan Foto: Estadão

Recentemente, o Brasil ficou de fora de um acordo na Organização Mundial do Comércio (OMC) para acabar com tarifas de importação de eletrônicos, que teve adesão de 54 países. A ausência foi muito criticada por aqui. A Associação da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee) se defendeu apontando problemas estruturais que tiram competitividade dos fabricantes instalados no País.

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São problemas sérios. De tributos altos a estrutura logística precária, passando por problemas de segurança, muitos fatores fazem com que o produto brasileiro saia mais caro. Isso prejudica o consumidor, tira competitividade da economia brasileira em geral e dificulta a exportação do setor. O iPhone e o iPad são fabricados somente na China e em Jundiaí, mas a fábrica de Jundiaí atende somente o mercado brasileiro. O Xbox é produzido na China e em Manaus. Em Manaus, só para o mercado interno.

A Abinee destacou que as indústrias do setor empregam 150 mil pessoas, e que o Brasil é o terceiro mercado mundial de computadores e o quarto de celulares. Mas é preciso decidir qual é o lugar do País no mundo, nesse mercado de tecnologia. Com uma indústria voltada somente para o mercado interno, temos muito a perder.

A emergência da internet das coisas, em que todos os objetos passam a ter conectividade, poderia ser uma oportunidade para o Brasil. As barreiras de entrada para desenvolvimento de novos dispositivos caíram muito. Visitei há duas semanas Taiwan, e fabricantes como MediaTek e Acer oferecem kits e plataformas de desenvolvimento que reduzem o prazo necessário para que um produto chegue ao mercado.

Em Taiwan, a MediaTek, fornecedora de chips, apresentou projetos como o Alchema, um fermentador de vinhos, e o Skuromoto, um sistema de aluguel de lambretas, que foram criados por estudantes universitários taiwaneses para um concurso promovido pela empresa.

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É claro que depois existe todo o desafio de lançar o produto com sucesso. Mas o processo de desenvolvimento de eletrônicos está cada vez mais fácil e mais barato, com blocos de hardware e software que podem ser combinados e recombinados de acordo com a necessidade de cada aplicação.

Empresas taiwanesas de eletrônicos de consumo têm a vantagem de estar próximas aos fabricantes de componentes. O desafio da indústria brasileira, principalmente dos empreendedores, é provar que a distância não é uma barreira. Afinal, grandes empresas americanas também estão distantes de seus fornecedores, e nem por isso deixam de ter sucesso no mercado mundial.

A dificuldade por aqui são todas as barreiras estruturais. O País não embarcou no acordo com a OMC e ficou pra trás, porque não estava pronto.

O mercado nascente da internet das coisas pode ser outra oportunidade perdida.

Rede

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A Cionet, uma rede europeia de executivos de tecnologia, acaba de instalar um escritório em São Paulo. Criada há 10 anos e presente em 16 países, conta com cerca de 5,4 mil inscritos. O Brasil é o segundo país da América Latina a receber um escritório, depois da Colômbia. O objetivo é permitir que os executivos troquem experiências e discutam os desafios de sua área. A participação é gratuita, mas somente para convidados. As atividades são financiadas por empresas, como a Intel, que fornecem informações aos executivos por meio da rede.

Competição

Começa terça-feira, em São Paulo, a 43ª edição da WorldSkills, competição internacional de educação profissional, que vai reunir 1,2 mil jovens de 62 países.O evento é organizado pela WorldSkills International e pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai).

No Estado de hoje ("O Brasil no mundo", p. B10).

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