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O desafio da B2W

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Por Renato Cruz
Atualização:

Nos últimos quatro anos, o total de brasileiros com acesso à internet mais do que dobrou, passando de 31,9 milhões em 2005 para 67,9 milhões no ano passado, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O faturamento do varejo online avançou respeitáveis 40% no primeiro semestre, quando comparado ao mesmo período de 2009, somando R$ 6,7 bilhões, de acordo com a consultoria E-bit. A expectativa de crescimento para este ano todo é de 35%.

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Diante de tantos números superlativos, a liderança do varejo virtual brasileiro pode parecer uma posição confortável. Longe disso. A B2W, protagonista desse mercado, enfrenta competição cada vez mais acirrada de varejistas tradicionais. Dono da Americanas.com, do Submarino e do Shoptime, o grupo tem registrado queda de participação e perda de valor de mercado.

"Não é inesperado crescer abaixo do mercado quando se é líder", disse Juliana Campos, analista da Ativa Corretora. "Mas a queda da margem bruta mostra que a empresa está realmente apanhando da concorrência." Segundo Juliana, a margem bruta da B2W caiu 1,1 ponto porcentual no primeiro semestre, quando comparada ao mesmo período de 2009, para 20%.

O discurso da B2W ao mercado é de defender a rentabilidade, mesmo à custa de participação. No primeiro semestre de 2007, a empresa tinha quase 60% do mercado. No mesmo período deste ano, caiu para menos de 40%. Procurada, a empresa preferiu não dar entrevista.

A concorrência à B2W se fortaleceu nos últimos dois anos. Em outubro de 2008, o Walmart começou a vender pela internet no Brasil. Em fevereiro de 2009, foi a vez da Casas Bahia e, em março deste ano, do Carrefour.

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Essas operações vieram se juntar às de outros grandes, como Extra, Magazine Luiza e Saraiva, na briga pelo mercado dominado pela B2W. A ameaça será ainda maior quando a Nova Pontocom, empresa que será responsável pelos sites do Extra, do Ponto Frio e da Casas Bahia, estiver em operação plena.

A B2W valia, na bolsa, R$ 3,2 bilhões na última quinta-feira, o que representava uma queda de 41,5% em 12 meses, segundo dados da Economática. No mesmo período, a Bovespa subiu 15,2%.

Para Júlia Duarte, analista da Brascan Corretora, os papéis da empresa não estão sendo castigados pelo aumento da competição, com consequente perda de participação do mercado, mas por questões como o endividamento da companhia e a demora na integração logística e de sistemas entre os três diferentes sites.

"A B2W tinha três centros de distribuição, um para cada marca, e hoje tem dois, mas estes não estão integrados", disse Júlia. "O projeto de integração de sistemas deveria terminar no primeiro semestre, mas atrasou."

O endividamento bruto da companhia atingiu R$ 1,5 bilhão no fim de junho, um crescimento 26% sobre o ano anterior. "A B2W precisa renegociar as taxas de juros para reduzir as despesas financeiras, porque contraiu uma parte da dívida quando o mundo e o País estavam em crise", disse Júlia, acrescentando que, se a empresa conseguir terminar a integração e reduzir as despesas financeiras, o panorama deve mudar.

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Mais informações no Estado de hoje ("Submarino sofre ataque de gigantes" e "Mercado prepara novas ondas de crescimento", para assinantes, p. N3).

Foto: U.S. National Oceanic and Atmospheric Administration

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