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O petabyte e a morte da ciência

Por Renato Cruz
Atualização:

Um petabyte equivale a um quatrilhão de bytes. Um seguido de quinze zeros. Chris Anderson, editor da Wired (em inglês), escreve na edição do próximo mês da revista que o Google matou o método científico. Ok. Não é bem isso que ele escreve. O argumento dele é que a capacidade de se manipular petabytes de informação na nuvem de computadores tornou obsoletos os modelos científicos.

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Anderson diz que hoje é possível descobrir coisas ao se processar volumes gigantescos de dados, sem que seja necessário formular hipóteses antes. Ele aponta como uma indicação da falência do método científico a situação da física:

"Os modelos newtonianos eram aproximações rústicas da verdade (errados no nível atômico, mas ainda úteis). Há 100 anos, a mecânica quântica, baseada em estatísticas, ofereceu um quadro melhor - mas a mecânica quântica ainda era um modelo e, dessa forma, também defeituosa, sem dúvida uma caricatura de uma realidade subjacente mais complexa. A razão de a física ter caído numa especulação sobre grandes modelos unificados de 'n' dimensões nas últimas décadas (a fase de 'história bonita' de uma disciplina faminta por dados) é que não sabemos realizar experimentos que possam provar falsas as hipóteses - as energias são muito altas, os aceleradores muito caros, e assim por diante."

O livro Caos: A criação de uma nova ciência, publicado há 20 anos, já prenunciava essa idéia. Nele, James Gleick mostrava que a capacidade de processamento de dados dos computadores poderia demonstrar uma hipótese esgotando as possibilidades combinatórias, sem que fosse necessário criar uma teoria a respeito.

De certa forma, o que Anderson descreve é um passo adiante. O jornalista é craque em unificar fenômenos sociais díspares por meio de conceitos simples: fez isso no livro A Cauda Longa e também na matéria que dará origem ao novo livro, Free (Grátis). Agora, o tom apocalíptico do texto sobre a ciência me fez lembrar de uma frase da finada revista Casseta Popular (ou seria do Planeta Diário?): "O mundo está acabando, e começou pelo papel higiênico lá de casa".

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