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O polo de tecnologia do Rio

Cidade recebe investimentos de multinacionais e tem cena animada de startups

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Por Renato Cruz
Atualização:

 Foto: Estadão

O mercado de tecnologia do Rio de Janeiro nunca esteve tão aquecido. Semana passada, a americana Cisco, maior fabricante de equipamentos de redes de comunicação, anunciou um investimento de R$ 1 bilhão para o Brasil, o que inclui a instalação de um centro de inovação na cidade. Outras grandes multinacionais, como IBM e GE, também anunciaram operações de pesquisa e desenvolvimento na cidade. A Petrobrás, com o projeto do pré-sal, atraiu centros de fornecedores como a Schlumberger e a FMC.

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Mas nem só de grandes empresas vive a cena tecnológica do Rio. A cidade - que abriga centros de excelência de ensino e pesquisa como a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e a Pontifícia Universidade Católica (PUC) - é berço de startups promissoras. Esse ambiente tem atraído investidores nacionais e internacionais.

Para fazer a ponte entre investidores e empreendedores, foi criada no ano passado a aceleradora de negócios 21212 (que combina, no seu nome, os códigos de área de telefonia do Rio e de Nova York). Eles estão recebendo inscrições para a segunda leva de empresas a ser aceleradas.

Funciona assim: as empresas selecionadas ficam seis meses instaladas no escritório da aceleradora, recebendo consultoria (de negócios, de design, tecnológica, jurídica e contábil), para que, no fim desse período, estejam prontas para receber um investimento.

"Elas recebem R$ 200 mil em serviços", disse Frederico Lacerda, um dos fundadores da 21212. Em troca, a 21212 recebe 20% de participação no capital de cada empresa acelerada. "Somos um grupo de ex-empreendedores, que resolveu criar uma iniciativa para que novos negócios se desenvolvessem de forma mais rápida." Um dos modelos é a Y Combinator, do Vale do Silício.

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Segundo Lacerda, apesar do mercado aquecido, existe uma distância enorme entre os empreendedores, que muitas vezes não estão preparados para receber investimento, e investidores internacionais, que têm interesse no Brasil e não conhecem o mercado. A 21212 tem como objetivo reduzir essa distância.

Mudança

Dez empresas já passaram pela aceleradora, num ciclo que foi de setembro a março. Uma delas é a PagPop, de meios de pagamento por celular, internet e telefone. Ela havia sido criada há mais de quatro anos em Ribeirão Preto (SP), como Vital Cred. "A mudança de marca aconteceu há um mês", afirmou seu fundador, Márcio Campos. "Durante o tempo em que estivemos na aceleradora, ajustamos o que já vínhamos fazendo."

Um desses ajustes foi a criação de um leitor de cartão de crédito que pode ser acoplado ao smartphone. Lembra bastante o que faz a americana Square, criada por Jack Dorsey, um dos fundadores do Twitter. "Não considero o PagPop um copycat do Square", disse. "Estamos no mercado há quatro anos. Já fazíamos captura de transações por voz e internet."

Aos 36 anos, o fundador da PagPop é dentista de formação. "Tive outras empresas, sou empreendedor desde os 19 anos", afirmou. "Como dentista, me sentia incomodado de não poder aceitar cartões para parcelar os pagamentos. No cheque, a inadimplência é muito alta."

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O Brasil passa por um momento único de atração de investimento. No ano passado, o estoque de capital comprometido com private equity e venture capital no País chegou a US$ 36,1 bilhões, um crescimento de 29% sobre 2010, segundo pesquisa da Fundação Getúlio Vargas. Das empresas que receberam investimento, identificadas pela pesquisa, 15,5% estavam no Rio, que ficou atrás somente de São Paulo.

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Outra empresa que participou do processo de aceleração da 21212 foi a ResolveAí. Ela tem acordo com 50 cooperativas de táxi, e o consumidor pode consultar todas elas em uma só plataforma. "Além de poupar tempo, ele pode ver o carro se aproximando em tempo real no mapa", disse Rafael Kaufmann, fundador da companhia.

Ele e seu sócio começaram a trabalhar no projeto em 2010, mas, até serem selecionados pela 21212, ainda tinham outros empregos, não se dedicavam inteiramente à ResolveAí. Os dois já receberam um aporte de R$ 500 mil de investidores-anjo brasileiros.

Yann de Vries é diretor do fundo Redpoint no Brasil. Ele é um dos investidores que acompanha o trabalho da 21212, em busca de oportunidades. A Redpoint já investiu em quatro empresas brasileiras: Grupo Xangô (antivírus), ViajaNet (viagens), Shoes4you (calçados) e 55social (marketing). Atualmente, a sede brasileira da Redpoint é no Rio. "Fico no escritório do Grupo Xangô", afirmou Vries. "Existem muitas empresas interessantes no Rio, como o Peixe Urbano e o próprio Grupo Xangô. Mas vou me mudar para São Paulo, onde tem mais atividade."

No Estado de hoje ("A tecnologia que vem do Rio", p. N5).

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