Existe uma disputa pelo formato dos documentos eletrônicos que estão na sua máquina, e ela envolve uma série de acrônimos. A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) decidiu rejeitar o padrão de documentos Office Open XML, proposto pela Microsoft, na International Organization for Standardization (ISO). A proposta da Microsoft de formato para documentos e planilhas tem recebido críticas de empresas como a IBM e da comunidade de software livre.
Ano passado, a ISO aprovou o OpenDocument Format (ODF) como padrão para documentos eletrônicos. O ODF é usado em programas de código aberto como o OpenOffice. A Microsot propôs o Open XML como alternativa, para garantir a compatibilidade com os formatos anteriores usados por seus programas, como o Word e o Excel. Os opositores argumentam que a empresa tenta manter sua posição dominante e proteger seus formatos proprietários.
"A decisão define o voto brasileiro na ISO e poderá afetar todos os usuários de computador do planeta", diz João Cassino, integrante da comissão técnica que identificou 63 problemas no padrão Open XML. Segundo ele, o padrão Open XML apresenta falhas de segurança e não dá suporte a idiomas como o japonês, o chinês e o coreano.
Na segunda-feira (20/8), houve um encontro do governo com a ABNT para discutir o assunto, organizado pelo deputado federal Paulo Teixera (PT-SP). No dia seguinte, houve a última reunião da ABNT com a comissão técnica.
Eugenio Tolstoy De Simone, diretor de Normalização da ABNT, enviou uma nota hoje (23/8) aos integrantes do comitê técnico, comunicando a decisão. O Instituto de Defesa do Consumidor (IDEC) havia pedido que a ABNT rejeitasse o Open XML.
Em comunicado, a maior empresa de software do mundo afirma que os comentários apresentados pela ABNT devem ajudar a melhorar o padrão: "A Microsoft Brasil acredita que o fato de ter havido consenso técnico representa efetivamente uma oportunidade de evolução da norma, como parte do processo natural de elaboração de qualquer norma técnica".