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Pesquisa na indústria

A Embrapii promete aplicar R$ 500 milhões em projetos de inovação da indústria

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Por Renato Cruz
Atualização:
 Foto: Estadão

As empresas brasileiras inovam pouco. São poucas as companhias voltadas ao mercado global, que conseguem competir em pé de igualdade com gigantes internacionais. Temos ilhas de excelência, como o agronegócio e a mineração. Mas os produtos industrializados vêm perdendo espaço na pauta de exportações e no próprio mercado interno.

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Existe uma série de fatores - o chamado Custo Brasil - que tira a competitividade das empresas brasileiras. Por aqui, é mais caro contratar, transportar e até calcular e pagar os impostos. Isso sem contar o peso da carga tributária em si.

Outro obstáculo à criação de novos produtos e processos é a distância entre as empresas brasileiras e os institutos de pesquisa. A inovação depende da criação de um ecossistema que envolva empresas, seus clientes e fornecedores, institutos de pesquisa, universidades e governo.

A Associação Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (também conhecida por Embrapii) foi criada para reduzir a distância entre indústria e pesquisadores. Apesar de ter sido chamada de a "Embrapa da indústria", quando foi anunciada, a Embrapii funciona de uma forma bem diferente Empresa Brasileira da Pesquisa Agropecuária.

A Embrapii funciona com uma rede de institutos credenciados. No fim do mês passado, foram acrescentados 10 aos três que participaram da fase piloto. "A primeira parcela dos recursos já foi depositada nas contas das unidades de pesquisa", afirmou João Fernando Gomes de Oliveira, diretor-presidente da Embrapii, numa entrevista por telefone.

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As empresas interessadas devem procurar uma das 13 unidades de pesquisa da Embrapii, que fazem a avaliação dos projetos. Um terço dos recursos vem da Embrapii, e não são reembolsáveis (ou seja, não se trata de um empréstimo, é dinheiro que não precisa ser devolvido). Os outros dois terços devem ser desembolsados pela empresa que propôs o projeto e o instituto de pesquisa com quem trabalhará.

Os contratos assinados entre a Embrapii e suas unidades de pesquisa têm seis anos de duração, e o período para a contratação dos projetos é de quatro anos. A expectativa é gerar R$ 1,5 bilhão de investimento em inovação na indústria, sendo R$ 500 milhões desembolsados pela Embrapii. Com a assinatura dos contratos, foram depositados cerca de R$ 30 milhões nas contas dos institutos.

No lugar de aprovar cada projeto, a Embrapii faz um acompanhamento periódico deles. "Vamos receber uma prestação de contas a cada seis meses", disse Oliveira. "Além de verificar os gastos, faz parte do nosso papel auditar tecnicamente os projetos."

A indústria brasileira precisa inovar mais, com um processo ágil de financiamento. Nos próximos meses, será possível verificar se a Embrapii é uma boa resposta para o problema.

Especialistas

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Cada unidade de pesquisa da Embrapii tem uma área de especialidade. Os institutos foram escolhidos, entre outros fatores, pela sua experiência na área. Entre os novos credenciados, por exemplo, estão a Fundação CPqD, de Campinas (SP), em comunicações ópticas, e o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), de São José dos Campos, em manufatura aeronáutica. Até 2015, a Embrapii planeja assinar mais 10 contratos, chegando a 23 unidades de pesquisa.

Desafio

"O principal desafio é que a taxa de contratação de projetos cresça rapidamente", afirmou o diretor-presidente da Embrapii. Segundo ele, nos próximos contratos com institutos de pesquisa, talvez seja necessário fazer alguns ajustes, para que a Embrapii possa atuar em áreas em que os projetos têm maturação mais longa, como fármacos, em que o prazo muitas vezes ultrapassa 10 anos.

No Estado de hoje ("Pesquisa na indústria", p. B12).

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