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Por que o comando da Oi mudou

Operadora tenta reduzir dívida que vem se acumulando desde a compra da Brasil Telecom

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Por Renato Cruz
Atualização:

Zeinal Bava deixou a presidência da Oi Foto: Estadão

A situação da Oi reflete o insucesso da política pública de criação de "campeões nacionais", adotada nos últimos anos. A dívida de R$ 46,2 bilhões que a empresa tenta equacionar teve origem, em boa parte, na compra da Brasil Telecom, em 2008. A operação era proibida pela regulamentação da época, e o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou um decreto presidencial para permiti-la.

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Na época, o governo chegou a anunciar que criaria uma "supertele nacional" para fazer frente a gigantes estrangeiros que atuam por aqui, como a espanhola Telefónica (dona da Vivo) e a mexicana América Móvel (dona de Claro, Embratel e Net). Falava-se até em lançar operações em outros países.

A fusão fez parte da política de criação de "campeões nacionais", em que algumas empresas foram escolhidas para receber apoio na forma de dinheiro público e, no caso da Oi, até com mudanças na regulamentação.

A fusão deu origem à operadora de telefonia fixa dominante em todos os Estados brasileiros com exceção de São Paulo. A expectativa era de que, com isso, ela tivesse escala para competir com os grupos estrangeiros.

Mas, a partir da compra da Brasil Telecom, as coisas se complicaram. A dívida alta e a dificuldade de integrar as operações se tornaram um freio ao crescimento da Oi. Ela vinha de um lançamento de sucesso de sua operação móvel, e tinha uma marca com boa avaliação dos clientes, e isso acabou sendo prejudicado pelos problemas resultantes da fusão.

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A união com a Portugal Telecom foi uma tentativa de melhorar o perfil da dívida. Abriu-se mão até do conceito de "supertele nacional", já que os sócios portugueses passariam a ter uma participação importante na empresa, assumindo, na prática, o dia a dia da operação. O fato de Zeinal Bava, ex-presidente da Portugal Telecom, ter assumido o comando da operadora brasileira era uma indicação disso.

A surpresa foi a Portugal Telecom ter comprado de papéis de dívida de uma empresa do Grupo Espírito Santo, um de seus maiores acionistas, que precisou ser socorrido pelo governo de seu país. Quando o grupo português não pagou a dívida, a participação da Portugal Telecom na empresa que surgiria da união com a Oi acabou reduzida, pois o aporte diminuiu, e, consequentemente, o endividamento da operadora brasileira continuou alto. A saída de Bava foi resultado dessa situação.

A Oi não chegou nem a participar do leilão de novas licenças de telefonia celular de quarta geração (4G), promovido recentemente pelo governo, o que mostra como a política de "campeões nacionais" foi falha.

Foto: Divulgação

No Estado de hoje ("Está difícil reduzir a dívida da 'supertele'", p. B12).

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