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Que computador vestir

Conhece o Tomatan, robô de vestir que serve tomates para quem o usa? Computadores vestíveis ainda precisam de um killer app, aplicativo que faça com que as pessoas queiram realmente usá-los

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Por Renato Cruz
Atualização:
 Foto: Estadão

Durante a Maratona de Tóquio, no domingo passado, a fabricante japonesa de ketchup e sucos Kagome fez a estreia do Tomatan: um robô de oito quilos, que pode ser levado nos ombros, e serve tomates para quem o carrega, sem que se tenha de parar de correr para comê-los. "Os tomates têm muitos nutrientes que combatem a fatiga", disse um porta-voz da Kagome.

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Para quem acha o robô pesado demais para se carregar numa maratona, existe uma versão menor, de três quilos, chamada Petit-Tomatan. É uma tradição japonesa criar inventos inúteis. Existe por lá até uma palavra para isso: chindogu, que quer dizer "ferramenta incomum". São exemplos de chindogu um chapéu com porta-papel higiênico para quem está com resfriado ou um guarda-chuva com suporte de livro, para ler quando o clima está ruim sem molhar as páginas.

Apesar de fazer parte dessa tradição, o Tomatan faz pensar na situação atual do mercado de computadores vestíveis. O robô com cabeça em forma de tomate é menos que isso, pois executa uma função única e bem definida: fornecer tomates para quem participa de uma corrida. É bem diferente do relógio inteligente Apple Watch ou dos óculos Google Glass, cheios de aplicativos.

Mas o uso bem definido do Tomatan é alguma coisa que falta à categoria dos computadores vestíveis, pelo menos até agora. O principal argumento de venda para esse tipo de produto foi a possibilidade de se fazer coisas normalmente feitas pelo celular sem ter de tirar o aparelho do bolso, como acessar mensagens e aplicativos. Ainda não apareceu o "killer app" (a aplicação matadora, que faz com que muita gente queira ter uma tecnologia) dos vestíveis.

E ainda existe o problema da duração da bateria. Na prática, a autonomia do Glass, cujas vendas foram interrompidas pelo Google, era de três a cinco horas. Se o dono dos óculos resolvesse gravar um vídeo, a bateria durava menos de uma hora. A promessa para o Apple Watch, que deve chegar ao mercado em abril, é de que a bateria dure por um dia todo, e que ela recarregue mais rapidamente do que a bateria do iPhone.

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Um concorrente importante é a Pebble, que planeja lançar uma nova geração de seu relógio inteligente, com bateria que dura até sete dias. Na terça-feira, a Pebble lançou uma campanha para levantar dinheiro de consumidores no site Kickstarter e viabilizar o projeto. Ela alcançou o valor mínimo que tinha definido, de US$ 500 mil, em menos de meia hora. Na sexta, o valor ultrapassava US$ 11 milhões. Além do Pebble Time e do Apple Watch, existem opções como os relógios inteligentes com o sistema Android Wear, do Google.

E para que servem esses relógios e óculos? A resposta não é óbvia. Agora, se a ideia é ter ajuda para comer tomates enquanto corre, a melhor solução é o Tomatan.

Sucesso

O primeiro modelo de relógio inteligente da Pebble também começou com uma campanha no Kickstarter. Os consumidores puderam encomendar o produto enquanto ele ainda estava em desenvolvimento. Entre 2012 e 2013, a empresa levantou cerca de US$ 10 milhões. O relógio chegou ao mercado naquele ano e, até o fim de 2014, tinham sido vendidas 1 milhão de unidades. Em menos de uma semana, a nova campanha levantou mais dinheiro do que a primeira conseguiu em um ano.

Mercado

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Segundo a Juniper Research, o mercado de aparelhos inteligentes vestíveis deve movimentar US$ 53,2 bilhões em 2019, comparados a US$ 4,5 bilhões no ano passado. A consultoria prevê forte demanda para relógios e óculos inteligentes, mas alerta que os consumidores estão relutantes em comprar equipamentos com funcionalidades parecidas com as do celular.

No Estado de hoje ("Que computador vestir", p. B12).

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