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Telefone a preço de banana

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Por Renato Cruz
Atualização:

As telecomunicações brasileiras têm uma série de problemas, como a má qualidade de atendimento, a falta de competição na telefonia fixa, o preço inacessível da assinatura para boa parte das pessoas, uma agência reguladora esvaziada e enfraquecida e ingerência política em assuntos regulatórios.

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Agora, não faz muito sentido dizer que é preciso criar uma rede estatal de televisão porque a rede pública de telecomunicações foi vendida "a preço de banana", como disse o ministro das Comunicações, Hélio Costa, à Comissão de Ciência e Tecnologia da Câmara esta semana. Primeiro, porque a TV estatal não resolve nenhum dos problemas acima. Segundo, porque não cria uma rede pública de telecomunicações que, aliás, já existe.

Juarez Quadros do Nascimento, ex-ministro das Comunicações, lembra que os ativos vinculados às concessão não pertencem às empresas privadas, pois são reversíveis à União. "O governo concedeu o direito de explorar o serviço, mas não abriu mão da propriedade das redes", explica o ex-ministro.

A banana vendida na privatização do Sistema Telebrás, em 1998, não foi muito barata. O jornalista Ethevaldo Siqueira, colunista do Estado, lembra que o governo vendeu 19% das empresas por R$ 22,2 bilhões, que na época valiam US$ 19,5 bilhões. "Um valor maior do que a Inglaterra conseguiu pela British Telecom", destaca Ethevaldo.

A privatização atraiu mais R$ 130 bilhões em investimento privado e ampliou a planta de telefones no País de 24 milhões de acessos, fixos e móveis, para 140 milhões. Naquela época, o cliente tinha que pagar R$ 1.117 no plano de expansão, para conseguir um telefone fixo. A banana que a estatal oferecia ao cidadão era caríssima.

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O setor de telecomunicações tem vários problemas para serem resolvidos. A TV estatal não resolve nenhum deles e consome recursos que poderiam ser aplicados na Radiobrás e nas emissoras públicas que já existem no País e que precisarão fazer investimentos consideráveis para a digitalização.

Mais informações no Estado de hoje, 30/3 ("Ex-ministro rebate críticas de Costa à privatização no setor de telecomunicações", para assinantes, p. A8).

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