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Teles querem adiar 4G

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Por Renato Cruz
Atualização:

As operadoras celulares parecem ter perdido a pressa pela quarta geração da tecnologia celular (4G). A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) planeja licitar as licenças da faixa de 2,5 GHz, que será usada pelo 4G, até abril de 2012, para que o serviço esteja disponível no País para a Copa do Mundo de 2014.

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"O edital deve ser publicado até o fim do ano", afirmou a conselheira Emília Ribeiro (foto), da Anatel, durante o evento Futurecom. "Nenhuma operadora quer o 4G logo. O investimento no 3G (terceira geração) é muito alto e o 4G vai exigir investimento também. Mas elas pediram muito essa frequência (de 2,5 GHz) e agora não tem jeito."

Emília fez uma referência à briga das operadoras de telefonia celular com as operadoras de MMDS (TV paga por micro-ondas), que ocupavam a faixa de 2,5 GHz, e acabaram perdendo parte dela para acomodar o 4G. Há dois anos, as celulares chegaram a dizer que o espectro atual ficaria saturado em pouco tempo. Agora, depois de terem vencido a briga e garantido as frequências, querem deixar para depois.

A tecnologia do 4G se chama Long Term Evolution (LTE). "O LTE agrega complexidade e não ajuda o negócio", afirmou Luca Luciani, presidente da TIM. "O que é melhor: gastar bilhões em licenças ou gastar bilhões para ampliar a cobertura na Região Norte?", questionou.

Luciani argumentou que ainda existem, no mercado mundial, poucos modelos de aparelhos com tecnologia 4G. Na visão dele, a instalação de hotspots Wi-Fi, pontos de acesso público com tecnologia de rede local sem fio, resolveria melhor o problema. "Os smartphones têm Wi-Fi, mas poucos terão 4G", disse. A TIM começou a instalar hotspots Wi-Fi, com a mesma tecnologia sem fio que as pessoas usam na banda larga de casa, para oferecer serviço a seus clientes e retirar tráfego da rede celular.

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Evolução. Para Francisco Valim, presidente da Oi, não existe problema em o leilão acontecer até abril. Ele defendeu, no entanto, que a Anatel defina com clareza como venderá as faixas de 700 MHz e de 3,5 GHz, que também poderiam ser usadas pelo 4G, antes do leilão de 2,5 GHz. "O prazo pode ser cumprido, mas as empresas precisam ter condições de planejar tudo", disse Valim.

O leilão de 3,5 GHz já deveria ter acontecido, mas foi paralisado por queixas de interferência na banda C, serviço de comunicação via satélite que transporta sinais de TV aberta e de telecomunicações. Segundo Emília Ribeiro, a Anatel está trabalhando numa solução técnica para isso.

A faixa de 700 MHz, no entanto, é mais complicada. Atualmente, ela é ocupada pelos canais analógicos de televisão. O decreto que instituiu o Sistema Brasileiro de TV Digital definiu que esses canais devem ser devolvidos em 2016, quando funcionarão somente os canais digitais. Em todo mundo, houve atraso nessa transição. Até nos Estados Unidos, que hoje usa essa faixa para o 4G.

"O setor de radiodifusão é competência do Ministério das Comunicações, então essa é uma política que o ministro Paulo Bernardo deve conduzir", explicou Emília, ante a pressão das operadoras para garantir a nova faixa. Sobre a posição de Valim, a conselheira disse: "Talvez ele não tenha todas as informações porque está voltando agora ao setor, mas a porta do gabinete está aberta". Valim assumiu o comando da Oi em agosto, depois de ter ficado quase três anos na Serasa Experian.

Mais informações no Estado de hoje ("Teles querem adiar adoção da tecnologia 4G", p. B16).

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Foto: Talita Passos / Anatel

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