Foto do(a) blog

Por dentro das inovações em serviços financeiros

Comprando ações ao invés de lâminas de barbear

PUBLICIDADE

Por Guilherme Horn
Atualização:
 

Há 3 anos atrás, o norte-americano Avi Lele não sabia o que dar de presente de Natal para seus sobrinhos. Na verdade, até sabia, mas era inviável. Ele queria dar ações de empresas, como Google e Apple. Porém, o valor de uma única ação estava acima do que ele queria gastar e a burocracia para se abrir uma conta numa corretora jogava definitivamente os planos por água abaixo. Naquele momento, ele enxergou ali uma grande oportunidade.

PUBLICIDADE

Avi então dedicou-se a colocar seu plano em prática. Passou os três anos seguintes discutindo e formatando a ideia com os órgãos reguladores. Depois de muitas reuniões com advogados e profissionais do mercado financeiro, nasceu a Stockpile, uma empresa de Gift Cards onde o presente é uma fração de uma ação. O objetivo é fazer com que uma ação de uma empresa seja tão fácil de comprar quanto um litro de leite. O display com os Gift Cards da Stockpile estão presentes em cadeias de varejo como Kmart, OfficeMax, entre outras e estão disponíveis em valores de U$25 a U$100 - custando na verdade alguns dólares a mais; por exemplo, o de U$100 custa U$107,50. Funciona de forma bem simples: o usuário compra o gift card, entra no aplicativo, faz um cadastro - que demora cerca de um minuto - e, ao final do dia, aquele valor do gift card é convertido em ações, de acordo com a cotação de fechamento da ação. Ou seja, se o gift card é de U$100 e o valor da ação no final do dia foi de U$200, o usuário passa a ter 1/2 ação da companhia. Se, depois de algum tempo, o usuário quiser vender a sua quota de ação, é simples, ele faz isso pelo próprio aplicativo, pagando uma taxa de U$0,99.

A compra do gift card pode ser feita também de forma online e aí os custos são menores. Também há diversos parceiros, como corretoras e varejistas online, vendendo os gift cards. Após o cadastro no aplicativo, o usuário passa a acompanhar a sua carteira de ações como se fosse um cliente de uma corretora, podendo ver a valorização diária de seus ativos.

O que a Stockpile está conseguindo é democratizar ainda mais um mercado onde 55% das famílias já tem o hábito de comprar ações. As barreiras de entrada, que já eram baixas, agora são quase inexistentes. Os esforços dos varejistas para nos fazerem comprar balas, pilhas e lâminas de barbear no caixa, agora também estendem-se às ações das principais empresas do mercado, convertendo-se numa compra por impulso que, para muitos, é mais educativa e benéfica para a economia. Mais um claro exemplo do impacto que as fintechs estão gerando no mercado.

Tudo Sobre
Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.