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Por dentro das inovações em serviços financeiros

Investindo numa causa

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Por Guilherme Horn
Atualização:
 

No final de 2009, Hardeep Walia abandonou uma promissora carreira na Microsoft para ir em busca de seu sonho. Walia queria criar uma empresa que possibilitasse aos seus clientes investir seu dinheiro de acordo com seus valores e crenças. O que sempre incomodou Walia é que ele via a indústria de investimentos colocando seus interesses na frente dos interesses dos clientes. Ou seja, os gestores de fundos geralmente investem nos ativos que eles consideram melhores. Não se pergunta ao cliente em que tipo de negócio ele acredita e gostaria de investir.

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Assim nasceu a Motif, uma plataforma de investimentos onde o cliente monta a sua carteira com base nos temas em que acredita. Por exemplo, empresas preocupadas com o meio ambiente, impressão 3D, ou energias alternativas. O usuário seleciona o seu tema, diz o prazo do investimento e sua tolerância a risco (baixa, média ou alta). O sistema monta em uma fração de segundos um portfolio completo, com todos os ativos que o compõem. O usuário pode alterar o peso de cada ativo no portfolio, ou até mesmo excluir alguns deles, até chegar ao portfolio ideal.

A Motif já atraiu mais de 100 milhões de dólares de investidores, incluindo bancos como Goldman Sachs e J P Morgan. Entre os diretores, ela tem nomes de peso como Arthur Levitt Jr, ex-presidente do Conselho de Administração da SEC (Security Exchange Comission) - a CVM norte-americana, e Sally Krawcheck, ex-presidente da área de Investimentos do Bank of America.

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O investimento em temas que estejam alinhados com os valores dos clientes é algo novo no mercado, trazido com sucesso pela Motif. Pois imagine, por exemplo, que você invista num Fundo de Ações e que este fundo tenha em sua carteira ações de uma empresa que frequentemente é acusada de explorar seus funcionários. Na maior parte das vezes, o cliente nem fica sabendo que o gestor do fundo está colocando dinheiro nesta empresa e que ele, indiretamente, está contribuindo para uma prática que condena. Uma pesquisa feita pela Motif mostrou que 57% dos americanos ficariam muito irritados se soubessem que seu dinheiro estivesse sendo usado para algo que contrariasse seus princípios e valores. No entanto, sabemos que esta não é uma informação fácil de se obter.

Desde 2010, a Motif tem conquistado uma legião de seguidores, que hoje já soma mais de 300 mil pequenos investidores, que passaram a investir seu dinheiro nas causas com as quais se identificam ou nas tecnologias em que acreditam.

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