Para quem não gosta de fazer exercícios físicos, seguir uma rotina de malhação pode ser um sacrifício. E aí todo e qualquer incentivo é bem vindo. Ainda mais se for monetário. Imagine chegar ao final de uma semana em que cumpriu suas metas e ainda ganhar um dinheiro por isso. Pois é assim que funciona o aplicativo Pact. Aqueles que não conseguem bater suas metas pagam um determinado valor e o dinheiro é rateado pelos que atingiram seus objetivos.
Mais de um milhão de usuários em mais de 70 países já fazem parte desta comunidade e juntos já realizaram mais de 10 milhões de exercícios físicos, contribuindo para o objetivo do aplicativo de tornar o mundo mais saudável.
A brincadeira funciona da seguinte forma: o usuário estabelece o seu objetivo da semana e diz quanto vai pagar caso não atinja a sua meta. Cada vez que iniciar seus exercícios, ele deve acionar o aplicativo, que vai usar os recursos do smartphone, incluindo a conexão com outros aplicativos, para mensurar a atividade que está sendo executada. Se for uma corrida na rua, por exemplo, ele usará a geo-localização (GPS) para identificar a distância e a velocidade da atividade. Ao final da semana, o aplicativo vai comparar a meta do usuário e os resultados atingidos e, caso ele tenha cumprido sua meta, receberá em dinheiro o rateio daqueles que pagaram por não terem alcançado seus objetivos.
Segundo a autora do livro On Top of Your Game, Carrie Cheadle, uma especialista em psicologia do esporte, o simples conhecimento dos riscos de saúde, em geral, não é suficiente para fazer uma pessoa criar novos hábitos saudáveis. Assim, o incentivo monetário desempenha um papel fundamental.
A Pact não dá detalhes, mas já informou que alguns bancos e seguradoras se interessaram pela lógica do aplicativo e estão avaliando como incorporar seus resultados em produtos como, por exemplo, seguro de vida. Nada mais justo do que mudanças de hábito que levem a uma vida mais saudável representarem redução no preço que o usuário paga pelo seu seguro de vida.
Há dois aspectos interessantes aqui, ambos característicos do mundo digital: preços dinâmicos e ausência de fronteiras entre segmentos. Os preços dinâmicos tendem a ser mais justos para o usuário e o fornecedor do produto ou serviço. Um exemplo é o Uber, que aumenta a tarifa quando há poucos carros disponíveis, refletindo a velha e boa lei da demanda e da oferta. Com o preço variável, demanda e oferta tendem a entrar em equilíbrio, uma vez que quem não está disposto a pagar mais sai do aplicativo e aqueles que estão dispostos a pagar mais pelo serviço continuam tendo a opção de utilizá-lo, mesmo com a oferta reduzida.
E a segunda característica, a ausência de fronteiras entre segmentos é clara neste exemplo: uma startup sobre saúde pode acabar virando um grande instrumento para bancos e seguradoras e pode lançar produtos atrelados a sua oferta inicial, como um score de saúde, por exemplo, que pode ser parte de um credit score, tornando esta startup um player importante no mundo de fintech.