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Por dentro das inovações em serviços financeiros

Microcrédito de impacto

Por Guilherme Horn
Atualização:
 

O Brasil é um país continental e tem uma população de 200 milhões de habitantes. Isto costuma fazer brilhar os olhos de muitos estrangeiros interessados em investir por aqui. Porém, nosso mercado requer um olhar mais detalhado. Quase 60% das pessoas ganham menos do que 10 dólares por dia. Apenas como referência, nos EUA, é considerado abaixo da linha de pobreza quem ganha menos do que 30 dólares por dia. Isto significa que estes brasileiros não têm acesso aos serviços bancários e, para obter crédito, dependem de agiotas, família e amigos. Boa parte desta população é composta por microempresários, nas áreas de comércio, serviço e agrícola. Estima-se que o país tenha cerca de 30 milhões de microempresas.

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Foi pra preencher esta lacuna que nasceu a startup Avante. Seu fundador, Bernardo Bonjean, trabalhou por anos no mercado financeiro, e acredita fortemente que a lógica de análise de crédito dos tradicionais players do mercado não é capaz de avaliar o real risco de se emprestar dinheiro para estas pessoas. Por isso criou uma metodologia completamente nova, em que leva em consideração três elementos: uma análise do negócio do potencial cliente, uma avaliação do seu caráter e uma avaliação pessoal do agente que está fazendo a visita. Hoje, a startup conta com cerca de 150 agentes, que atuam em 3 estados: Ceará, Maranhão e Pernambuco. O alvo da plataforma é cidades cujo PIB per capita seja inferior à metade do PIB per capita do país. E um dos segredos da startup está em aliar a inteligência computacional com o atendimento humano. A Avante não tem a pretensão de conceder microcrédito por canais digitais. Está claro em sua estratégia que o canal de distribuição é humano. Porém, o objetivo é usar toda a inteligência dos algoritmos para prover informações mais assertivas à rede de agentes, fazendo com que reduza o número de visitas com crédito não concedido.

Nestes dois anos de atuação, a Avante já emprestou mais de 70 milhões de reais, para mais de 30.000 microempreendedores. Os valores para cada um variam de 400 a 30.000 reais e a média situa-se em 2.600 reais. Já o prazo médio para pagamento da dívida é de 8 meses. Aqui está uma outra diferença em relação aos negócios tradicionais do setor. Na hora de pagar, o cliente encontra grande flexibilidade, podendo pagar valores diferentes a cada mês. Isso sem afetar a taxa de juros cobrada, que vai de 2,5% até 5,3% ao mês.

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Uma outra área em que a Avante viu uma oportunidade foi a de pagamentos. E para isso criou uma tecnologia, a Sling, que permite ao microempreendedor receber de seus clientes através de um celular, uma pulseira ou um adesivo que ele pode grudar em qualquer lugar. Tudo pensado para evitar situações como a falta de bateria no celular, queda de energia, etc. Nada é motivo para deixar de faturar!

A última novidade da empresa foi a associação com um banco, que vai lhe permitir oferecer qualquer produto ou serviço que exija uma licença bancária, como conta corrente, por exemplo. Tudo isso faz da Avante hoje uma das fintechs com maior potencial no mercado nacional e internacional. Ela está resolvendo um problema que atinge milhões de pessoas globalmente, com um modelo que dificilmente grandes bancos são capazes de seguir. Isto sim, mais do que disrupção, representa um impacto numa sociedade.

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