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Por dentro das inovações em serviços financeiros

O gigante despertou: a reinvenção do Goldman Sachs

Por Guilherme Horn
Atualização:
 

O Goldman Sachs sempre foi conhecido por ser um banco quase inacessível para a grande maioria dos mortais. Abrir uma conta lá exigia um depósito de nada menos do que 10 milhões de dólares. Mas em 2016 esta história começou a mudar, com a criação de uma startup com o objetivo de emprestar dinheiro para pessoas físicas que estivessem com dívidas no cartão de crédito. Em outubro daquele ano, nascia o Marcus.

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O Marcus foi concebido como uma plataforma digital de crédito para pessoas físicas que precisavam de uma solução mais barata e ágil para quitar seu débito com o cartão de crédito. O nome era uma homenagem ao fundador do banco, Marcus Goldman.

De lá pra cá, o Marcus se tornou um dos maiores cases de reinvenção de um banco. Ele criou uma marca nova, para um público completamente diferente, com um produto que ele nunca havia oferecido, num canal inteiramente inovador. Tinha todos os ingredientes para dar errado: as margens eram menores, uma operação digital exige que se olhe para indicadores de desempenho diferentes dos tradicionais ROI, ROE, etc, o mindset deve ser outro e ainda havia o risco do público rejeitar a marca. Mas aconteceu o oposto. O poderoso banco de Wall Street mostrou como uma organização tradicional devecolocar o pé no mundo digital. Contratou gente do meio, deu autonomia, criou metas compatíveis e investiu o que precisava.

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Menos de dois anos depois, o Marcus já emprestou mais de 2,5 bilhões de dólares e tem cerca de 20 bilhões de dólares em depósitos. Deixou de ser uma plataforma mono-produto e passou a acrescentar novos produtos em sua prateleira. Adquiriu nada menos do que 37 startups neste período e tem uma agressiva estratégia para o uso de suas APIs.

Em sua comunicação, o Marcus enfatiza que seus empréstimos não têm taxas administrativas, como em praticamente todos os seus concorrentes. A taxa de juros permanece fixa até que o tomador pague seu financiamento. O valor da prestação é decidido pelo devedor a cada mês, tendo grande flexibilidade nos pagamentos. E há uma equipe de especialistas, prontos para atender o usuário quando ele precisar, gratuitamente.

A última investida da plataforma foi na área de pagamentos, com aquisições e parcerias que a levarão a oferecer crédito no momento da compra no varejo, concedendo um financiamento bem mais vantajoso do que as alternativas tradicionais disponíveis no momento da compra.

O Goldman espera que até 2020 o Marcus esteja faturando cerca de 1 bilhão de dólares. Este é um exemplo a ser acompanhado de perto pelos bancos que estão sofrendo para abraçar a transformação digital.

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