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Inovação e tecnologia no mundo das startups

A incrível história do surfista que revolucionou o mercado de câmeras digitais

Nick Woodman criou a GoPro, que abriu capital esta semana e rende a ele uma fortuna de US$ 1,3 bilhão

Por Ligia Aguilhar
Atualização:
 

Um surfista de 39 anos, que até os 32 não sabia bem o que fazer da vida, acumulou uma fortuna de US$ 1,3 bilhãoe viu sua conta engordar mais um pouco após a estreia bem-sucedida da sua empresa na bolsa de valores americana na última quinta-feira, 27.Trata-se de Nick Woodman, o criador de uma das startups mais quentes do Vale Silício, a GoPro.

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A empresa desenvolveu as famosas câmeras portáteis que são fáceis de manejar, capazes de resistir a condições adversas (são à prova d'água e resistente a quedas), capturar imagens com qualidade e transmití-las para a internet, dando origem a diversos vídeos de sucesso que ajudaram a impulsionar suas vendas.

Em uma era em que o mercado de câmeras digitais perdia espaço para a popularização das câmeras de smartphones, a GoPro conseguiu vender mais de 8,5 milhões de unidades. Mas... como?

Ligando os pontos"É preciso ligar os pontos", dizia Steve Jobs, em seu lendário discurso para os alunos da universidade de Stanford. O problema de ligar os pontos, lembrou ele, é que eles só fazem sentido no fim de todas as etapas, quando você olha para trás.

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É isso que aconteceu na vida de Woodman, que criou a GoPro aos 32 anos, quando não fazia ideia do que fazer da sua vida, acumulava duas startups fracassadas e só tinha certeza de que gostava de surfar.

O empreendedor conta em entrevistas que escolheu fazer faculdade na Universidade da Califórnia, em São Diego, por causa da proximidade com a praia. E é justamente aí que a história de ligar os pontos faz sentido. O fato de ele continuar surfando por anos fez com que um dia tivesse a ideia de criar a primeira GoPro, uma câmera portátil e resistente para registrar a prática de esportes radicais e que pudesse ser amarrada ao pulso, de forma que Woodman conseguisse registrar imagens dele surfando com os amigos.

Woodman não teve medo de investir no negócio apesarde ter criado duas startups que faliram anteriormente. A primeira, um site chamado EmpowerAll.com, tentou vender eletrônicos por um preço baixo e fechou rapidamente sem nunca conseguir decolar. A segunda, chamada Funbug, era uma plataforma de jogo que permitia ganhar prêmios. Woodman conseguiu US$ 3,9 milhões de investidores para tocar o negócio, mas em dois anos perdeu tração e fechou as portas. "A pior coisa foi perder o dinheiro dos investidores, pessoas que acreditaram na ideia de um cara jovem. Quando você falha, começa a se perguntar se suas ideias são boas", disse em entrevista à Forbes.

Quando decidiu criar a GoPro, o empreendedor estava determinado a não ter uma terceira falha. Trabalhava 18 horas por dia no desenvolvimento de cada peça e ligava pessoalmente durante a madrugada para fornecedores chineses. O trabalho virou obsessão e até hoje ele segue a linha de Steve Jobs e acompanha de perto o desenvolvimento de produtos.

A determinação também o tornou um exímio vendedor. Para financiar o primeiro ano de operação da GoPro, Woodman vendia cintos importados da Indonésia na Califórnia por um valor 50 vezes maior que o original.

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InovaçãoA primeira câmera GoPro gravava vídeos simples em 35 mm, mas nos últimos anos a empresa evoluiu seu produto pouco a pouco até oferecer modelos com qualidade Full HD. Se nem sempre uma startup consegue entrar no mercado com a tecnologia mais recente ou o modelo mais desenvolvido, a história prova que mais importante do que isso é evoluir de forma consistente pouco a pouco. "Evolua ou morra "é o lema da GoPro.

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Os números não mentem. Em um mundo onde smartphones tomam uma fatia cada vez maior do mercado das câmeras tradicionais, a GoPro se destaca com 30,4% do mercado mundial de câmeras digitais, segundo dados do IDC.

A Forbes fez uma linha do tempo incrível para mostrar a evolução da GoPro que vale a pena ser vista.

O resultado de tudo isso: a GoPro entrou no mercado em 2004, mas recebeu sua primeira rodada de investimento, de US$ 205 mil, em 2010. Em 2011, recebeu mais US$ 88 milhões em uma rodada com a participação dos fundos US Venture Partners, Sageview Capital, Walden International, Riverwood Capital, Steamboat Ventures. Em 2012, nova rodada de US$ 200 milhões da Foxconn International Holdings.

Hoje, a GoPro é avaliada em mais de US$ 2 bilhões. E seu executivo, com menos de 40 anos, em US$ 1,3 bilhões. Sua família, como destacou a Business Insider, também ganhou milhões após o IPO.  "É uma clássica história de sucesso da noite para o dia em dez anos", brincou Woodman em entrevista à Forbes no ano passado para falar de sua fortuna.

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A empresa ainda foi uma das poucas no mercado de tecnologia a abrir capital com as contas no azul. Segundo os dados que a GoPro informou para a Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (SEC, na sigla em inglês),faturou US$ 234,23 milhões em 2011, US$ 526 milhões em 2012, e, em 2013, a receita foi de US$ 985,73 milhões, com lucro de US$ 60,57.

Os próximoss passos? A GoPro diz querer explorar melhor o mercado de mídia. Segundo o YouTube, vídeos gravados com a câmera atraem 470 mil visualizações para a plataforma e mais de 1,8 milhões assinam o canal GoPro na rede.

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