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Inovação e tecnologia no mundo das startups

Baidu compra o Peixe Urbano - o que isso significa para o mercado de startups?

Google chinês adquiriu startup brasileira por um valor não revelado

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Por Ligia Aguilhar
Atualização:
 

O Baidu, o maior buscador da China, conhecido como o "Google chinês", anunciou hoje a compra do controle do site Peixe Urbano, por um valor não revelado. Considerada uma das dez maiores empresas de internet do mundo, com mais de 700 milhões de usuários e valor de mercado estimado em R$ 180 bilhões, o Baidu aposta no Peixe Urbano para se aproximar do usuário de internet brasileiro.

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"Estávamos procurando um parceiro que nos oferecesse a melhor forma de facilitar o acesso dos brasileiros aos nossos serviços. Durante as conversas percebemos que havia muita sinergia entre os negócios", me disse Yan Di, diretor da operação brasileira do Baidu, que considera como um dos principais atrativos do Peixe Urbanoa base de 25 milhões de usuários e 30 mil empresas cadastradas.

A equipe do Peixe Urbano permanecerá intacta e atuando de forma independente, me garantiu Júlio Vasconcelos, cofundador do Peixe Urbano, e ganhará reforço tecnológico e financeiro do Baidu.

A aquisição foi significativa para os empreendedores do mercado de startups brasileiro, já que a saída dos investidores de um negócio em decorrência da venda da empresa é sempre visto como um indicativo de que as startups do País são capazes de oferecer retorno e, portanto, uma forma de atrair a confiança de maisinvestidores.

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"Acho que qualquer empreendedor tem como sonho ver essa empresa viver pra sempre. Para nós a entrada do Baidu é relevante porque a marca Peixe Urbano continuará por muitos anos. Do ponto de vista do ecossistema de startups do Brasil, acho que é um marco importante, porque é uma empresa que começou há menos de cinco anos e agora está dando uma saída para os investidores que apostaram na gente", disse Vasconcelos.

Mas nem tudo foram flores na história do Peixe Urbano. De 2012 para cá a empresa vem tentando se reinventar após a queda do mercado de compras coletivas que abalou a empresa e levou a uma série de demissões. Nos seus tempos áureos, o Peixe Urbano chegou a ter mais de 1.000 funcionários. Hoje, tem 280.

A saída foi um bom negócio para os investidores?

Desde que se reposicionou, no início deste ano,como um "shopping de descontos" para o usuário buscar promoções específicas em sua região, e não mais como compra coletiva, o Peixe Urbano diz que seu faturamento aumentou - uma alta de cerca de 20% no primeiro trimestre deste ano em relação ao ano anterior, me contou Vasconcelos, sem, no entanto, citar valores específicos.

Conversei com uma fonte com bastante conhecimento no mercado de compras coletivas que traçou um cenário um pouco menos otimista. "O Peixe Urbano estava tentando se reinventar, mas não estava conseguindo. Acredito que eles perceberam que a melhor coisa a fazer era vender o negócio agora", disse.

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O Peixe Urbano recebeu três rodadas de investimento desde a sua criação, em 2010, de seis fundos de investimento: Benchmark, Monashees Capital, General Atlantic, Tiger Global Management, T. Rowe Price e Morgan Stanley.No mercado, estima-se que no total o Peixe Urbano tenha levantado cerca de R$ 200 milhões.O valor de venda, porém, pode ter sido abaixo desse total.

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"O preço discutido na aquisição de outros sites de compra coletiva, como ClickOn e Groupalia, era baixíssimo, de R$ 1 por e-mail (da base de clientes). Acredito que a base do Peixe Urbano vale mais, mas considerando que eles têm 25 milhões de usuários, é um retorno menor do que foi investido", me disse a mesma fonte. "Não foi uma boa saída para os investidores. É uma pena porque o Peixe Urbano é um dos melhores exemplos do mercado brasileiro. Eles fizeram um bom trabalho no começo, mas o impacto da queda do mercado foi pesado para eles", disse a fonte, que acredita que por esse motivo a saída nos investidores não terá um impacto positivo na visibilidade das startups brasileiras para investidores estrangeiros, justamente por não ter oferecido grande lucratividade a eles.

Um investidor disse sob condição de anonimato que o Peixe Urbano "precisava se reinventar" e que a venda para o Baidu será positiva para empresa. "A China está muito avançada nesse negócio de ofertas e o Baidu tem dinheiro para investir" , afirmou.

Namoro

Vasconcelos buscava uma nova rodada de investimentos para o Peixe Urbano quando apareceu a oportunidade de negociar com o Baidu. Em julho, quando o Baidu estreou o site em português no Brasil, o diretor executivo mundial da empresa, Robin Li, e o diretor da operação brasileira, Yan Di, recorreram a Vasconcelos para entender o mercado de tecnologia brasileiro e buscar oportunidades de investimento.

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Em setembro, Vasconcelos viajou a Pequim para conhecer a sede do Baidu. Ao retornar, fechou o negócio em menos de um mês. "Percebemos que o Baidu tem muita experiência no mercado de O2O (online-to-offline) e na venda de serviços na web. Com a aquisição podemos turbinar as mudanças que já estávamos fazendo tanto no nosso site quanto no aplicativo móvel", disse Vasconcelos.

O Peixe Urbano tem apostado fortemente no crescimento do mercado de dispositivos móveis e no início do ano tinha fechado uma parceria com o Foursquare para atrair mais acessos por smartphones e tablets.  "A demanda por serviços nesse segmento está aumentando. Queremos introduzir tecnologia de ponta no Peixe Urbano para que ele seja líder do mercado", disse Yan, do Baidu, que não descarta fazer outros investimentos e aquisições no Brasil. Ele me disse ter muito interesse também nas novas startups brasileiras.

O Baidu ressalta ainda que a aquisição é um indicativo de que o Brasil é um País prioritário para alcançar a meta de ter seus produtos reconhecidos e utilizados pela metade da população do mundo até 2019.

Com a compra pelo Baidu, o Peixe Urbano almeja mercados internacionais. "O Baidu é uma empresa global e nos dá muitas opções. Pensamos em investir nisso no médio a longo prazo, do fim de 2015 para frente", disse Vasconcelos.

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