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Inovação e tecnologia no mundo das startups

CNPq atrasa pagamento de bolsas de empresas do Start-Up Brasil

Startups participantes do programa de incentivo do governo federal alegam ainda não ter recebido salários de abril

Por Ligia Aguilhar
Atualização:
 

O Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) atrasou o pagamento de bolsas das startups participantes do Start-Up Brasil, programa do governo federal de apoio a startups, que oferece a cada empresa selecionada até R$ 200 mil ao longo de um ano para o pagamento de salários.

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O pagamento dos bolsistas do programa referente ao mês de março que deveria ter sido efetuado no dia 7 abril não foi realizado até agora. O problema afetou pelo menos 40 empresas das duas últimas turmas do programa.

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Segundo as startups participantes os atrasos no pagamento do CNPq são frequentes e as empresas já se "acostumaram" a não receber o pagamento na data. Em meses anteriores, no entanto, o atraso foi de apenas alguns dias. Essa foi a primeira vez que a falta de pagamento se estendeu por mais de uma semana.

O Link/Start teve acesso a uma série de reclamações que os empreendedores enviaram para a organização do programa em um grupo fechado no Facebook. Nos relatos, as empresas contam que tiveram funcionários que não puderam ir trabalhar durante a semana por falta de dinheiro para transporte e alimentação e pressionavam a organização do programa em busca de respostas, já que tiveram que usar recursos próprios para tentar resolver o problema.

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Inicialmente, o CNPq admitiu o problema, mas afirmou não ter um prazo para realização dos pagamentos. Procurado pelo Link/Start, o Ministério da Ciência e Tecnologia (MCTI) afirmou que segundo o CNPq, houve um problema no fluxo de caixa nos recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), fonte de recursos do programa Start-Up Brasil. Os problema, porém, já teria sido resolvido e a previsão é que o pagamento entre na conta dos bolsistas na segunda-feira. O CNPq garante que o valor para pagamento dos bolsistas já aprovados no Start-Up Brasil está empenhado e garantido.

Os FNDCT faz parte do fundo setorial CT-Info, que de acordo com o projeto da lei de diretrizes orçamentárias aprovado pelo Congresso terá uma queda de 94% em suas verbas, de R$ 35 milhões previstos paraR$ 2,2 milhões. O orçamento ainda não foi sancionado pela presidente Dilma Rousseff.

"O prejuízo maior é você desmotivar um funcionário, porque você constrói um sonho, o funcionário vê que a empresa quer crescer de um jeito agressivo, aí de repente ele não recebe o salário. Quando você falta com o salário o cara fica insatisfeito. E se você não tem um prazo para resolver, pior ainda. Ele acha que está sendo enrolado", diz Bruno Ducatti, da startup Vetsmart, que tem 3 funcionários que recebem o salário por meio do CNPq. "Eu não me prejudiquei porque a minha empresa já gera caixa, então consegui me virar, mas teve muitas startups que se deram mal", diz.

É o caso de Juliana Brêtas, da startup Superela, que tem 4 bolsistas que recebem pagamento pelo programa. "Tinha uma ex-funcionária que ainda precisava receber o último pagamento pelo programa e ela ficou muito chateada e me cobrando, com toda razão. Tivemos medo da bolsa não cair e do projeto ter sido suspenso", diz.

Já Mariana Vasconcelos, da Agrosmart, diz que os funcionários da sua empresa ficaram desmotivados e reclamaram por não ter dinheiro para ir trabalhar. "Nós não geramos faturamento ainda, então não tinha caixa para tentar pagar uma parte com o nosso dinheiro", diz. "A parte boa é que a organização do programa entendeu o que estava se passando e se esforçou muito para tentar resolver o problema", afirmou.

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Recentemente, dados obtidos por meio da Lei de Acesso à Informação pela revista Info revelaram que oito empresas de tecnologia participantes do Start-Up Brasil receberam bolsas acima do teto de R$ 200 mil por ano. De acordo com o MCTI e com o CNPq, esses valores se referiram a bolsas que foram indeferidas após a folha de pagamento ter sido rodada e que tiveram o pagamento realizado por engano. Segundo a nota, as startups que receberam o pagamento dessas bolsas já haviam efetuado ou estavam providenciando a devolução do dinheiro.

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