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Inovação e tecnologia no mundo das startups

Felipe Matos deixa o programa Start-Up Brasil

Ele vai voltar a cuidar dos negócios da Startup Farm; Vítor Andrade assume como novo diretor de operações

Por Ligia Aguilhar
Atualização:
 

Quando desembarcou no Brasil na tarde de quinta-feira, 19, retornando de uma viagem para Austin, no Texas, onde acompanhou startups brasileiras no festival South By Southwest (SXSW), Felipe Matos deu sua carreira como diretor de operações do programa Start-Up Brasil por encerrada. A partir de hoje, quem responde pelo principal programa do governo federal para apoiar o desenvolvimento de novas startups no Brasil é Vítor Andrade, até então gestor de operações do Start-Up Brasil. Na manhã de hoje, todas as instituições ligadas ao programa foram notificadas sobre a mudança.

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Felipe Matos deixa o programa após dois anos e meio e em um momento de transições difíceis no governo. Este ano, assumiu o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), pasta a qual o Start-Up Brasil está relacionado, o ministro Aldo Rebelo, uma escolha que gerou controvérsia já que o ministro tem seu nome associado a projetos que inibem a inovação e irritou cientistas e ambientalistas por negar o aquecimento global. Matos diz que sua saída se trata de uma transição natural e que permaneceu no cargo além do previsto. Inicialmente, sua permanência seria de apenas um ano e meio.

O envolvimento de Matos, que tem uma longa história como empreendedor no mercado brasileiro, ajudou a levar credibilidade ao Start-Up Brasil, já que ele era considerado um representante dos empreendedores no governo. Em meio a críticas recebidas pelo programa desde seu início, o nome de Matos foi sempre levantado como um fator confiabilidade pelos empreendedores.

"Tenho muito orgulho do projeto que foi construído e saio do com sentimento de orgulho e gratidão. Eu sempre acreditei que precisamos construir a mudança que a gente deseja no mundo. Essa foi a contribuição que eu tentei dar e acho que consegui criar um programa com visão inovadora, que aproximou o governo do setor privado e trouxe resultados interessantes", disse ao Start.

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Até agora o Start-Up Brasil apoiou 183 startups brasileiras em todo o País. O programa, gerido pela Associação para Promoção da Excelência do Software Brasileiro (Softex), oferece parceria com uma aceleradora para desenvolvimento dos negócios selecionados e até R$ 200 mil por ano em bolsas do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) para pagamento de salários a cada startup.

Nova gestão

 

"Estou muito feliz de ter sido escolhido para assumir essa função. Trabalho com startups há oito anos e para mim elas são uma causa, minha missão de vida. Estou na área desde que ninguém sabia o que eram empresas de base tecnológica e hoje ver que as pessoas sabem o que é uma startup e ver essas empresas resolvendo problemas reais me deixa muito feliz", diz Vítor Andrade, o novo diretor do Start-Up Brasil.

Andrade está no programa desde o início e já trabalhou em importantes centros de desenvolvimento de tecnologia no Recife como o C.E.S.A.R e o Porto Digital.Ele também teve uma passagem pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) em Washington, D.C.

A equipe do Start-Up Brasil deve continuar a mesma sob sua gestão. Igor Mascarenhas vai para o lugar de Andrade, como gestor de operações, e novas contratações devem ser feitas para ampliar a equipe. O programa ainda aguarda a definição do orçamento deste ano a ser aplicado na iniciativa. A previsão da equipe é que um novo edital para startups seja lançado até o fim do primeiro semestre.

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"Vemos oportunidade para ajudar cada vez mais os empreendedores, queremos aumentar a conexão das empresas com o mercado, investidores e clientes, ajudando essas startups a acessarem grandes empresas e avançarem em seu trabalho", diz Vitor.

Perguntei a Matos quais são os pontos em que o programa ainda precisa avançar. "Sempre há espaço para melhorias. Creio que o processo de acompanhamento das empresas possa ser aprimorado e que há espaço para melhorar o processo para obtenção de bolsas dos empreendedores no CNPq. Nós criamos manuais para ajudar no processo, mas essa é uma etapa mais burocrática", diz.

De volta para o mercado

 

Após deixar o Start-Up Brasil, Felipe Matos vai voltar a cuidar dos negócios do Startup Farm, programa itinerante de aceleração de novas startups que ajudou a criar. Alan Leite, que assumiu a iniciativa na saída de Matos para o Start-Up Brasil, continua na operação. A meta agora é fazer o programa crescer.

Desde a última turma o Startup Farm, em Belo Horizonte, o programa acrescentou uma cláusula no seu contrato pela qual o programa pode exercer a opção de ter participação acionária no negócio se desejar. Até então, o programa era totalmente gratuito e a Farm não investia diretamente nos negócios, com algumas exceções. Duas empresas desenvolvidas no programa, o aplicativo de táxi Easy Taxi e a startup UpPoints foram investidas pela Farm anteriormente.

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A partir de agora, as melhores startups de cada edição do programa podem ser escolhidas para fazer parte do Startup Farm Select, um braço do programa que vai investir nas startups e oferecer apoio para desenvolvimento desses negócios. Pela Select, cada empresa poderá receber um investimento de até R$ 40 mil em troca de até 8% de participação no negócio. "É quase uma butique de aceleração. Faremos uma espécie de aceleração sob medida para cada empresa buscando aquilo que ela precisa, seja contato com investidores ou alguém para integrar o board", diz Matos.

A Farm também quer investir mais em ações educativas de pré-aceleração para empreendedores brasileiros e avançar para mais estados. Este ano, está previsto, por exemplo, ações em parcerias com universidades e uma ação no nordeste.

Matos não deve se afastar totalmente do governo, no entanto. Além de continuar prestando mentoria para as startups do Start-Up Brasil, ele diz que agora quer ajudar a formular políticas públicas para empreendedorismo no Brasil. "Na parte de regulação ainda precisamos avançar muito. Acho que com a experiência que tive pude entender um pouco melhor como funciona o governo e isso vai me ajudar como membro da sociedade civil a propor junto com outros empreendedores algumas políticas e levá-las ao governo", afirma.

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