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Inovação e tecnologia no mundo das startups

Os conselhos do CEO do Prezi para startups

Peter Arvai falou ao Start sobre o seu aprendizado durante a criação do software de apresentações Prezi

Por Ligia Aguilhar
Atualização:
 

Na semana passada, Peter Arvai, cofundador do software de apresentações na nuvem Prezi, desembarcou no Brasil pela primeira vez para anunciar uma parceria com a maior empresa brasileira de apresentações, a Soap - State Of the Art Presentations. A companhia foi certificada para usar o software nas apresentações criadas para seus clientes, dos quais fazem parte 83 das 100 maiores empresas do Brasil.

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Encontrei com Arvai para tomar um café e conversar sobre empreendedorismo e a história da empresa. O papo foi bem interessante e rendeu vários insights que podem ser úteis para startups brasileiras, especialmente porque o Prezi não é mais uma empresa de sucesso do Vale do Silício. O negócio nasceu na Hungria em pleno auge da crise econômica mundial, em 2008, que atingiu em cheio a Europa.

Não conhece o Prezi? Então dá uma olhada na apresentação abaixo para ver como funciona a ferramenta, que utiliza o zoom como recurso principal de uma apresentação.

O Prezi tem hoje tem 45 milhões de usuários no mundo - 1,5 milhão no Brasil - mas penou para chamar a atenção de investidores. Arvai me contou, por exemplo, sobre quando foi para Nova York, em 2009, gastando o único dinheiro que tinha sobrado no bolso, para apresentar o software para Chris Anderson, curador da conferência TED. "Quando desembarquei na cidade e abri o meu e-mail, tinha recebido uma mensagem cancelando o encontro. Não acreditei e fui na empresa mesmo assim. Enchi tanto o saco da secretária que ela conseguiu arrumar um tempo para eu falar com ele depois de dois dias, no qual ironicamente teria 18 minutos, o tempo de uma apresentação no Ted, para apresentar a startup para ele", afirmou.

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Era pra ser só uma apresentação comercial, mas Arvai decidiu que era o momento de tentar obter um investimento. Saiu de lá como a primeira startup a receber investimento da TED Conferences. O Prezi recebeu até agora US$ 15,5 milhões em duas rodadas de investimento que incluíram os fundos Sunstone Capital e Accel Partners.

Confira as principais dicas de Arvai para startups:

Sobre o desafio da inovação disruptiva

O Prezi não foi a primeira empresa de Peter Arvai. Na Suécia, ele fundou a Omvard.se, uma companhia que agrega informações de tratamentos para pacientes de hospitais. A ideia de criar a empresa surgiu após seu pai falecer em consequência de um ataque cardíaco e sua mãe ficar doente.  "Eu e meus cofundadores decidimos coletar dados para as pessoas verem as taxas de mortalidade e complicações em cada hospital, para que o paciente pudesse saber como ele trabalha e tomar melhores decisões. Muita gente resistiu a essa ideia. No começo, recebi muitas ligações de advogados perguntando quem eu achava que era e dizendo que eu não poderia fazer isso. Em um ano, quais você acha que eram nossos principais consumidores? Justamente os médicos, que queriam saber como estava a sua reputação. Foi uma grande experiência para mim, que me ensinou a não ter medo de ajudar as pessoas a tomarem melhores decisões. Mesmo que a princípio pareça que você não está fazendo as coisas da melhor maneira, não tenha medo, porque as coisas mudam rápido." Após isso, ele ainda desenvolveu o primeiro leitor móvel de notícias para que as pessoas pudessem seguir a Ted Talks de seus dispositivos móveis antes de criar o Prezi.

Sobre como criar uma empresa global quando se está fora dos EUA

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O Prezi tem dois escritórios principais, em Budapeste e São Francisco. Para Arvai, a ida ao mercado americano é essencial para uma startup com meta de ser global. "Minha convicção é que o que define a capacidade de uma startup ser global é estar nos EUA. Este é o maior mercado do mundo e tem poder de influenciar outros mercados. Se todas as pessoas na Hungria começassem a usar o Prezi, ainda assim as pessoas no Brasil não saberiam do que se trata. No entanto, quando todas as pessoas nos EUA usam sua ferramenta, o impacto é global", disse Arvai.

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Sobre as vantagens de criar uma startup fora do Vale do Silício

"Não acho que a Prezi teria tido o mesmo sucesso se tudo tivesse começado no Vale do Silício. Se você pensar nas empresas criadas nos últimos tempos (nos EUA), todas elas foram construídas em cima de uma ideia particular: como condensar informação e dar alguns pedaços para as pessoas, para que elas voltem e busquem mais informações na sua plataforma, sobre a qual você coloca anúncios. Twitter, Facebook e Instagram foram criados em cima desse conceito. O Prezi é diferente. É sobre como construir conexões por meio de ideias. E isso o faz diferente de todas as outras companhias. Imagine o que aconteceria se falássemos no meio da recessão que nosso objetivo era superar ferramentas do Google, Microsoft e outras empresas... Ninguém se importaria. Estar dentro de um mercado menor nos permitiu criar uma identidade única para a empresa, que não teria sido possível criar dentro do Vale do Silício."

Sobre o desafio de criar uma empresa durante a recessão

O Prezi começou a ser criado em 2008 e foi lançado no mercado em 2009, no auge da recessão que atingiu em cheio a Europa. Como imaginado, a empresa não foi muito bem recebida por investidores em um primeiro momento. "Foi muito, muito difícil. Nós não conseguíamos nenhum dinheiro. Todos achavam que éramos loucos. O que fizemos foi trabalhar com nossa poupança. A gente até conseguiu algum dinheiro, mas não era o o suficiente nem para pagar nossos salários. Nós decidimos criar a primeira versão do Prezi e, se fosse boa, as pessoas pagariam por ela ou investiriam de qualquer forma. Nos demos uma chance e trabalhamos por um ano. E, felizmente, o software foi bom o suficiente para as pessoas adotarem. O que aconteceu foi que depois de tentar conversar com investidores e falhar completamente em 2008, eu parei de falar com eles. Mas em 2009 , eles começaram a vir até nos. E o motivo para isso foi essencialmente que eles perceberam que outros empreendedores estavam usando o Prezi durante a apresentação do seu pitch", me cintou Arvai.

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Sobre concorrer com empresas gigantes como a Microsoft e a possibilidade da startup ser adquirida por essas empresas

"Nós trabalhamos duro pela nossa meta que é fazer 2 bilhões de pessoas tomarem melhores decisões. Há muitas maneiras de chegar lá. Você pode se manter como empresa privada, pode fazer IPO (abertura de capital, na sigla em inglês) e, algumas vezes, faz sentido trabalhar com esses gigantes. Nós não nos comprometemos com nenhuma dessas opções ainda. Nós sentimos que há muita coisa a ser feita e estamos focados no que podemos fazer pelos nossos usuários. Diante das circunstâncias certas, creio que qualquer uma dessas opções poderiam ser boas."

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