Em todas as categorias (música, filmes e programas de TV, games e livros) o resultado foi o mesmo: quem baixa compra. Quem pirateia música consome até quatro vezes mais; quem pirateia games, compra até oito vezes mais.
O curioso é que o relatório, feito pela faculdade de direito da Universidade de Amsterdã, foi divulgado apenas dois dias depois que uma outra pesquisa apontou exatamente o mesmo resultado. O instituto de pesquisas American Assembly, filiado à Universidade Columbia, entrevistou mais de dois mil americanos e alemães para constatar que quem baixa músicas ilegalmente - e tem uma coleção musical maior - gasta, em média, 30% a mais com música.
A explicação é a mesma: quem baixa conteúdo é, antes de tudo, um entusiasta e um consumidor de entretenimento. "Nosso estudo indica que essas pessoas tendem a fazer um uso intensivo de todos os canais disponíveis, sejam eles legais ou ilegais", disse ao site TorrentFreak o responsável pelo estudo holandês, Joost Poort. Para esses consumidores, não há uma barreira entre o legal e o ilegal. As pessoas optam pelos caminhos conforme as suas necessidades.
O estudo da Universidade de Amsterdã também comprova, em números, o que boa parte das pessoas (e dos próprios artistas) já sabe: quem baixa arquivos ilegalmente gasta dinheiro com eventos. Quem baixou um filme no último ano, por exemplo, tem 50% de chance a mais de ir ao cinema. Quem baixa músicas vai até três vezes mais a shows do que os outros.
E é por isso que as indústrias que tanto lutam pelo endurecimento da lei ou pela punição severa aos piratas deveriam prestar atenção nestes números. (Vale lembrar: outros estudos já mostraram que medidas repressivas não funcionam. Basta lembrar dos resultados pífios da lei Hadopi na França, que reprimiu os usuários, mas não protegeu a indústria cultural, ou seguir adiante no próprio estudo de Poort, que constatou que apenas 5,5% dos usuários afetados pelo bloqueio ao Pirate Bay na Holanda pararam de baixar conteúdo pirata.)
As indústrias culturais costumam repetir que a pirataria está matando a cultura, que os downloads ilegais estão gerando desemprego e que o impacto desse comportamento para os músicos é "desvastador". Os números em queda das grandes indústrias comprovam a tese de que as pessoas estão deixando de comprar CDs, sim, mas elas também estão dispostas a pagar. E bem. Só precisam ser convencidas disso - ou, como prefere Poort, "seduzidas". "A correlação serve como alerta para que as indústrias não alienem seus clientes mais importantes, criminalizando seus comportamentos. Meu slogan é: não processe os seus clientes, seduza-os", diz.
Grooveshark incentiva doações aos artistas O Grooveshark comprou briga contra as grandes gravadoras por não repassar o pagamento de direitos autorais. Mesmo com processos nas costas, o site continua na ativa - e se prepara para estrear a sua nova versão, que permitirá aos fãs doarem dinheiro diretamente para as bandas pelo sistema de micropagamentos Flattr, criado por Peter Sunde, cofundador do Pirate Bay.
Super-Homem ainda é da DC Comics Depois de dois anos de batalha judicial, saiu o resultado: o Super-Homem ainda é da DC Comics. A família do cocriador do personagem, Joe Shuster, tem tentado recuperar os direitos sobre o homem de aço. Shuster fez vários acordos com a DC - o último, feito em 1975, lhe rendeu US$ 4 milhões. Ele morreu em 1992. Os herdeiros tentaram retomar o controle, mas a Justiça negou.