E o poetinha caiu na Brasiliana. Toda a obra de Vinícius de Moraes está agora a biblioteca digital da USP, livre para downloads.
O lançamento da coleção completa foi na segunda-feira (26), durante o Simpósio Internacional de Políticas Públicas para Acervos Digitais. Foi uma festa: um ônibus equipado com iPads e Kindles levou os presentes para dar uma voltinha com a obra do poeta.
A festa tem uma razão: a obra de Vinícius livre na rede é exceção. A Brasiliana só conseguiu esse catálogo porque a família do poeta liberou. Essa não é a praxe. Segundo Pedro Puntoni, coordenador da biblioteca, os direitos autorais são um "gargalo". "Temos obras raríssimas de Guimarães Rosa que não podemos digitalizar", lamenta.
A lei 9610, de 1998, determina que uma obra fique protegida por 70 anos após a morte do autor. Mas o problema, segundo Puntoni, não é o tempo. "Não há nenhum dispositivo na lei que permita que bibliotecas públicas, instituições culturais e acervos digitalizem seus acervos mesmo que seja pra fins de preservação. Não estou falando nem em publicar isso na internet. A lei não permite que se faça reproduções do acervo nem para preservá-lo. Esse é um problema que complica o direito maior: a obrigação do estado de preservare garantir o acesso do cidadão à cultura", disse ao Link o coordenador da Brasiliana.
Segundo ele, a lei acaba impedindo que "grande parte da literatura brasileira" recente fique de fora do projeto da Brasiliana. Puntoni que a Reforma na Lei de Direito Autoral contemple essas questões. "Senão teremos um grande gargalo ou um grande enfrentamento", diz."As universidades e bibliotecas são instrimentos de formação dos leitores, e também de formação de um mercado para as editoras. Elas já têm um apoio gigantesco do governo e poderiam ter uma relação mais pró-ativa com a cultura digital", diz o coordenador da Brasiliana.
(fotos: Garapa/Fli Multimídia)