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A cidade espanhola que funciona à base do Twitter

Com 3,5 mil habitantes, o município de Jun usa a rede social como forma de comunicação entre moradores e autoridades

Por Mark Scott
Atualização:
O prefeito Salas emite comunicados pelo Twitter Foto: NYT

Quando a filha de José Antonio Rodríguez Salas nasceu, ele recorreu às redes sociais para compartilhar a notícia. Mas o prefeito de Jun, cidadezinha no sul de Espanha, não postou a mensagem usando sua própria conta no Twitter. Em vez disso, escreveu uma mensagem com @martinajun, conta que havia criado para sua recém-nascida, dizendo: “Acabei de nascer”.

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Para os mais de 400 mil seguidores de Salas na rede social, o fato não foi surpresa. Afinal, o político espanhol passou a maior parte dos últimos cinco anos transformando Jun – cuja população mal chega a 3,5 mil habitantes – em um dos locais mais ativos do Twitter no mundo todo. 

Para os moradores da cidade – mais da metade deles com contas no Twitter –, a rede social é agora a principal forma de comunicação com o governo local. Precisa falar com o médico? Marque a consulta pelo Twitter. Viu algo suspeito? Mande um tuíte ao policial.

Ao incentivar o uso do Twitter e fazer comunicados oficiais pela rede, o prefeito diz ter economizado cerca de US$ 380 mil do orçamento anual local. “Todo mundo fala com todo mundo, sempre que quiser. Estamos no Twitter porque é lá que o povo está”, disse Rodríguez Salas em seu escritório, rodeado por parafernálias da empresa.

Ensino. A adoção do Twitter não aconteceu do dia para a noite. Em seu sexto ano de mandato, em 2011, Salas pediu aos funcionários públicos da cidade que abrissem contas na rede social, usando-a para postar mensagens sobre suas atividades diárias. “Queria criar maior transparência e responsabilidade na administração. Escolhi o Twitter porque ele permite interações mais rápidas”, explicou.

Tudo começou com serviços básicos – a manutenção pública respondia mais rápido quando a população tuitava sobre um poste quebrado. Dois anos depois, a adoção começou a se universalizar na cidade, quando os habitantes viram o que os vizinhos conseguiam fazer pelo serviço. Cursos para ensinar o básico sobre a rede foram dados pela prefeitura.

O uso do Twitter reduziu o número de policiais na cidade para apenas um homem – uma vez que a população começou a falar sobre os problemas diretamente ao prefeito. “Não temos um policial; temos 3,5 mil”, disse Salas.

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Mesmo assim, sua confiança na rede social não é universal. Alguns moradores questionam se uma empresa com acionistas como o Twitter pode fornecer serviços governamentais. “O município deveria se orgulhar de cortar sua força de trabalho ao terceirizá-la a uma empresa internacional?”, questiona Richard Rogers, professor da Universidade de Amsterdã.

Para o urbanista José María Sarmiento, a possibilidade de enviar tuítes rapidamente ainda é melhor que mandar formulários. “Trabalho em casa e uso serviços da internet o tempo todo”, disse ele. “Por que não posso fazer o mesmo quando uso os serviços públicos?”.

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