O músico Jay Sean visitou a sede do YouTube, do Facebook e do Twitter. E o Instagram o procurou para ensinar o melhor momento para postar fotos e obter o máximo impacto. Mas há uma rede social que nunca entrou em contato com o músico, embora ele use o aplicativo frequentemente para postar alguns fragmentos da sua vida: o Snapchat.
“Quando se trata de celebridades, o Snapchat é diferente do Instagram ou do Twitter”, disse Sean, cujo grande sucesso foi a música Down, que conta com a participação da artista de hip-hop Lil Wayne. Sean tem mais de 470 mil seguidores no Instagram, mas não sabe quantas pessoas o seguem no Snapchat, porque a empresa não passa a informação.
As redes sociais tradicionalmente criam vínculos estreitos com atores, músicos, políticos e pessoas conhecidas somente pela presença online, porque eles têm poder de atrair mais usuários. Mas o Snapchat – mantido pela Snap, startup que pretende fazer sua oferta inicial de ações (IPO, em inglês) no próximo ano – é uma exceção à regra.
Em vez de dar a celebridades como Jay Sean um tratamento “vip”, o Snapchat limita suas vantagens e os trata como usuários comuns. Em vez de cortejar pessoas que exercem influência, com um grande número de seguidores na mídia social, o aplicativo não se envolve com elas. Por trás disso está a estratégia de oferecer uma experiência mais autêntica. Quanto mais a vida real de alguém aparece no serviço, mais íntimo e pessoal o Snapchat é considerado.
“O Snapchat atende a um objetivo diferente”, disse Sean. “No app eu realmente conheço meus fãs. Eles não gostam de nada artificial ou manipulado.”
O serviço diz que prefere que as celebridades usem o aplicativo como pessoas comuns, e não como plataforma para vender produtos. Entre as regras de serviço da companhia está a proibição de receber pagamentos por postagens.
Influenciadores. Tudo isso contrasta com a maneira como Facebook, Twitter e outras redes sociais dependem de pessoas influentes para aumentar sua popularidade. Celebridades são tão importantes para o Facebook que, quando a rede social abriu seu capital, em 2012, Lady Gaga e um cão famoso chamado Boo foram mencionados nos documentos apresentados à agência reguladora. Em sua solicitação de IPO, em 2013, o Twitter sublinhou que o chef Mario Batali e o presidente Obama eram seus usuários.
O YouTube, do Google, chegou até a criar uma nova categoria de celebridade online, a dos influenciadores. E o Instagram apoia celebridades que compartilham fotos e ajudam a atrair um público maior.
Alguns usuários manifestaram seu desagrado com o Snapchat. Um deles, Shaun McBride, postou uma carta aberta no YouTube no mês passado queixando-se sobre como a companhia trabalha com pessoas influentes. “No caso do YouTube tenho um agente e eles me ajudam em tudo. Não tenho o mínimo contato com o Snapchat e eles não estão realmente acolhendo seus criadores.” /TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO