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Após expansão global, Netflix muda algoritmo que recomenda filmes

Sistema ignora fronteiras de países e cria comunidades globais para recomendar filmes e séries de TV

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Por Matheus Mans
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O serviço de streaming de vídeos Netflix anunciou nesta quarta-feira, 17, que mudou o algoritmo que faz sugestões de filmes aos usuários. Depois de anunciar a chegada a 130 novos países, o que ampliou a presença do serviço para “quase” todos os países do mundo, a plataforma ganhou um sistema de recomendações global, que não se limita mais a fronteiras, mas que poderá compreender comunidades globais e fazer sugestões especializadas para cada uma delas.

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“Com a expansão para tantos países, ficou claro que precisávamos ter um melhor sistema de recomendações”, afirmou o vice-presidente de inovação de produtos da Netflix, Carlos Gomez Uribe, ao Estado. “O sistema tradicional não funcionaria tão bem.”

Para criar as sugestões de qual filme ver, o algoritmo do Netflix levava em conta o que a pessoa mais assistia e também o gosto de outros usuários similares, que viviam no mesmo país. O novo algoritmo, que foi desenvolvido ao longo de todo o ano passado, divide seus mais de 75 milhões de usuários do mundo em grupos de interesse, o que reduz o impacto da localização das pessoas no tipo de filme que o sistema sugere.

“Durante um ano inteiro, desenvolvemos um sistema de recomendações para grupos de interesse, independentemente da diferença de catálogos entre países ou do idioma. Uma pessoa na França, afinal, pode ter o mesmo interesse em determinado filme que uma pessoa no Japão”, diz Uribe.

Os interessados em séries animadas japonesas, os chamados animes, não estão só no Japão. Segundo o Netflix, embora ele seja o país que tem a maior representação dessa comunidade, ele reúne apenas 10% dos fãs dos animes disponíveis no serviço. Os outros 90% dos usuários que assistem essas séries, segundo o Netflix, estão espalhados em todo o mundo. “O Brasil tem quase tantos usuários interessados em animes quanto no Japão”, conta Uribe.

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O novo algoritmo também vai fazer sugestões personalizadas para cada usuário, em vez de considerar os gostos de usuários de um mesmo país. Isso vai permitir que as recomendações do serviço sejam mais precisas, mesmo para usuários de novos países onde a quantidade de pessoas que usam o Netflix ainda é limitada.

Entraves. Para criar o sistema de recomendações global, o Netflix teve de superar uma série de desafios. O principal deles é a diferença do catálogo de filmes e séries de TV disponível em cada país, devido à negociação com os detentores dos direitos autorais das obras, que pode variar de acordo com cada região. Isso impede que o serviço adote um catálogo único, que permita distribuir os mesmos filmes em todos os países onde o Netflix atua.

“É muito difícil unificar o catálogo de filmes disponíveis. As distribuidoras possuem interesses diferentes em cada país”, diz Uribe.

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O novo algoritmo também vai ajudar a lidar com este problema. Como ele identifica comunidades globais, o sistema consegue agrupar filmes similares. Os filmes Matrix e Equilibrium, por exemplo, são filmes de ficção científica e já fazem parte das sugestões para um mesmo grupo de interesse. Como Matrix não está disponível na França, o algoritmo pode compreender a limitação e só vai recomendar a usuários franceses outros filmes similares a Equilibrium que estejam liberados na região.

Outra barreira é a linguagem. Antes, o algoritmo poderia considerar que um filme em francês provavelmente não seria interessante para um morador do Japão. O novo algoritmo, porém, sugere o conteúdo se ele for interessante para uma das comunidades globais. Segundo o Netflix, isso vai ajudar a popularizar os conteúdos originais da empresa, desenvolvidos fora dos Estados Unidos.

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