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Campus Party sente efeitos da crise em 2016

Com menos patrocinadores e palestrantes de menor peso, feira foi mais quieta; para visitantes, conteúdo e contatos fizeram valer a pena

Por Bruno Capelas
Atualização:

Em sua nona edição, a Campus Party Brasil – um dos principais eventos do calendário de tecnologia no País – sentiu os efeitos da crise econômica. Com estandes menores e em menor número, poucos palestrantes de peso e até mesmo uma conexão de internet mais lenta do que em anos anteriores, a feira teve em 2016 uma versão mais quieta do que a maioria dos campuseiros – apelido dado aos visitantes que acamparam durante seis noites no Pavilhão de Exposições do Anhembi, em São Paulo – estava acostumado.

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“A Campus está mais tranquila. Esse ano tem menos correria e menos campanhas com brindes”, disse o professor Marlon Hugo, de 26 anos. Campuseiro pela quarta vez, ele achou o evento “fraco em termo de grandes nomes”. Em anos anteriores, o evento trouxe ao Brasil nomes como como Steve Wozniak, cofundador da Apple, Tim Berners-Lee, criador da World Wide Web, e até mesmo o ex-vice-presidente americano Al Gore. Em 2016, por outro lado, o destaque ficou por conta de Grant Imahara, engenheiro da série de TV ‘Mythbusters’, e do espanhol Paco Ragageles, um dos idealizadores da Campus, que teve sua primeira edição na Espanha em 1997.

Clayton de Souza/Estadão

 Foto:

Símbolo da Campus Party, Ragageles veio a São Paulo para fazer a palestra de abertura da feira, sobre o tema deste ano, “Feel the Future” (sinta o futuro, em inglês). Na apresentação, ele falou sobre um futuro em que as máquinas farão todo o trabalho dos homens e pediu que palestrantes e campuseiros ajudem a pensar um novo modelo de sociedade. No entanto, ao contrário de outras edições do evento, Ragageles esteve menos presente este ano. Em edições anteriores, era comum vê-lo em meio às bancadas e conversando com os campuseiros. “Ele retornou para a Espanha antes do término do evento por conta da agenda de compromissos que tem por lá”, justificou Tonico Novaes, diretor-geral da Campus Party Brasil.

Infraestrutura. Marca registrada dos primeiros anos da Campus Party, a conexão de internet ficou mais lenta em 2016: 40 gigabits por segundo, 10 Gbps a menos que em 2015. A redução se deve a uma mudança de patrocínio: presente até o ano passado na feira, a Telefônica/Vivo deixou de apoiar a organização; TIM e Telebras ocuparam a vaga, sendo a última responsável por prover a infraestrutura de telecomunicações. “A internet está mais lenta este ano”, disse Fred Boaretti, técnico em tecnologia da informação, que veio à sua quarta Campus. Outra reclamação diz respeito à ausência de redes Wi-Fi, para navegar na web em smartphones e tablets, cada vez mais presentes na feira. Segundo a organização, “é impossível entregar via Wi-Fi a qualidade da internet que entregamos via cabo, por uma questão tecnológica”.

A presença menor de patrocinadores e estandes, por sua vez, fez a feira perder parte de seu burburinho – até mesmo o tradicional grito de guerra dos campuseiros foi ouvido em menor intensidade. “Por conta do atual cenário vivido no país houve uma redução no número de patrocinadores na edição deste ano”, disse o diretor-geral da Campus.

Conteúdo. Apesar da crise, boa parte dos campuseiros que foram à feira neste ano tiveram uma experiência positiva. Supervisor de tecnologia da informação, o carioca Mauricio Pchevuzinske foi à feita pela oitava vez em 2016 – desta vez com o filho Daniel, de 11 anos. “Venho para entender o que a moçada está pensando. Mesmo sem grandes nomes, a feira teve bastante conteúdo e muitos encontros. Isso é o que vale”, diz. Campuseira de primeira viagem, Yolanda Guerra, de 18 anos, gostou da agenda sobre empreendedorismo. “Quero estudar economia e foi ótimo participar de palestras nessa área”, disse a jovem, destacando pontos altos das 700 horas de programação – 100 a mais que no ano passado. Com palcos menores e palestras mais curtas, de até 30 minutos, o formato agradou aos visitantes.

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Para Fabiany Lima, cofundadora da startup TimoKids, a Campus de 2016 também se consolidou como um palco interessante para as startups – é o terceiro ano em que a feira destaca uma área para empresas iniciantes. “A Campus sempre foi muito nerd, mas virou um ponto de encontro importante para startups e investidores.”

Proibição de delivery gera polêmica

Em edições anteriores, era difícil passar uma noite na Campus Party sem ver pizzas sendo entregues na porta do Anhembi. Em 2016, a organização do evento proibiu alimentos perecíveis dentro da feira, preocupada com a “segurança e higiene alimentar”. A proibição revoltou os campuseiros, que deram um ‘jeitinho’. “Se não pode comer lá dentro, a gente pede pizza e come fora mesmo”, disse a jovem Yolanda Guerra, de 18 anos.

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