Canais de educação no YouTube lutam em setor saturado

Após crescimento nos últimos anos, produtores precisam de criatividade para conquistar a atenção dos alunos que usam a web

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Por Matheus Mans
Atualização:
  Foto: JF Diório

Ao pesquisar o termo “biologia” no YouTube, o primeiro canal que aparece no site de vídeos é o Biologia Total, do professor Paulo Jubilut, com mais de 700 mil inscritos. Duas páginas e muitos vídeos sobre membrana plasmática depois, está o Bioexplica, do Professor Kennedy Ramos, com apenas 17 mil seguidores. Kennedy, que iniciou as atividades no seu canal há cerca de um ano, é prova do atual cenário enfrentado pelos youtubers de educação: está cada vez mais difícil se destacar no meio da multidão de educadores dedicados a ensinar por meio do maior site de vídeos do mundo.  “Não é fácil conseguir seguidores”, lamenta Ramos. “Foi muito mais fácil para quem começou no inicio, quando o aluno digitava ‘biologia’ e apareciam pouquíssimas opções para assistir. Agora, é fácil achar material sobre qualquer tema pesquisado.” A percepção do professor faz sentido. Enquanto seu vídeo sobre meiose — processo de divisão celular — possui pouco mais de 5,5 mil visualizações, por exemplo, o do professor Jubilut, tem 1,1 milhão de views, aparecendo no topo das buscas. 

“A ideia nunca foi selecionar os melhores e colocar apenas alguns conteúdos”, diz o dono do canal MatemáticaRio e embaixador do YouTube Edu, Rafael Procópio. “Nós não analisamos o modo como você dá aula, analisamos apenas se o conteúdo está correto e habilitado para o YouTube Edu.” Em defesa, a empresa diz prezar pela quantidade e diversidade do conteúdo. “Não queremos limitar conteúdo. Queremos mais conteúdo e com mais qualidade”, diz Flavia, do Google. Para o diretor executivo da Fundação Lemann, Denis Mizne, um dos trunfos do YouTube Edu é justamente democratizar o ensino – e sua transmissão. “Alguém no interior do Amazonas, sem estrutura, consegue ter a mesma aula que outra pessoa que vive nos grandes centros.” Esta é a principal razão para youtubers seguirem produzindo. “O que me continuarem com seus vídeos motiva é saber que contribuo com a educação brasileira”, diz Kennedy, do Bioexplica.  Isso para não falar, claro, nos ganhos que os grandes canais têm com visualizações. Paulo Jubilut, por exemplo, diz faturar entre R$ 5 mil e R$ 7 mil por mês com o Biologia Total. “É lógico que varia. Em alguns meses, não tiro quase nada”, afirma. “Mas é muito melhor (que estar em sala de aula). Cursinho, nunca mais”, diz.

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