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Como manter sua privacidade digital ao viajar para o exterior

Confira dicas de especialistas de segurança sobre como evitar que autoridades de outros países tenham acesso às suas informações pessoais e senhas de redes sociais

Por Brian X. Chen
Atualização:
Especialistas em segurança ajudam usuários a evitar entrega de senhas de redes sociais a autoridades Foto: Dado Ruvic/Reuters

Viajantes, cuidado: quando você leva seus aparelhos eletrônicos para fora do país, preservar a segurança de seus dados é tão importante quanto se proteger contra assaltantes. Seja qual for a razão, governos nacionais e internacionais podem se interessar por seus dados pessoais, incluindo suas contas de redes sociais. Não trata-se apenas de teoria. Muitos viajantes, incluindo cidadãos americanos como Haisam Elsharkawi, foram recentemente pressionados a permitir que o Serviço Alfandegário de Proteção às Divisas dos Estados Unidos tivesse acesso a seus aparelhos celulares no aeroporto.

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Alguns viajantes estão expostos a riscos adicionais por conta de um novo regulamento que os separa de seus equipamentos eletrônicos. Recentemente o Departamento de Defesa Civil anunciou que passageiros vindos de oito países de maioria muçulmana para os EUA não poderiam carregar aparelhos maiores que celulares nos aviões. Por isso, computadores, tablets e outros aparelhos eletrônicos serão despachados junto com a bagagem.

Legalmente, os cidadãos norte-americanos não são obrigados a liberar seus aparelhos celulares, nem a compartilhar suas senhas com as autoridades dos EUA. Contudo, as regras variam, dependendo do lugar de onde esteja vindo, ou para onde esteja indo. E qualquer contato com autoridades do governo pode ser inconveniente e até mesmo intimidadora.

O que fazer nesses casos? Todos os especialistas concordam com uma coisa: nunca minta às autoridades do governo sobre senhas e contas em redes sociais. “Eles fariam da sua vida um inferno se descobrissem que está mentindo”, afirmou Jeremiah Grossman, chefe de estratégias de segurança no SentinelOne, uma empresa de segurança digital. Contudo, existem métodos para proteger seus celulares, tablets e computadores contra buscas invasivas, mas sem deixar de lado a honestidade.

A seguir, algumas das melhores dicas, com base em entrevistas com especialistas forenses e em segurança:

1. Compre um aparelho barato A melhor forma de evitar que suas informações sejam acessadas é viajar com um aparelho que não carrega seus dados. É uma boa ideia investir em um smartphone ou computador barato, usado só em viagens: você não deseja que o aparelho do dia a dia acabe se perdendo ou sendo roubado durante uma viagem, nem que seja examinado por um agente alfandegário. Portanto, deixe seus equipamentos caros em casa – junto com seu álbum de fotos, e os aplicativos do Facebook, Snapchat e Twitter. Que tipo de aparelho vale a pena comprar? O Wirecutter, o site de recomendação de produtos do The New York Times, publicou um guia sobre aparelhos Android baratos, incluindo o Moto G4 Play, de US$ 100. Para computadores baratos, uma boa ideia é o notebook Acer de US$ 550, ou o Chromebook da Dell, de US$ 430.2. Desabilite os leitores de impressão digital Sensores de impressão digital, como os encontrados em muitos aparelhos Apple e Android, são uma opção de segurança interessante para desbloquear seu aparelho rapidamente. No entanto, Jonathan Zdziarski, pesquisador de segurança e professor de ciência forense para agências policiais especializado em coleta de dados de smartphones, afirmou que na hora de viajar é melhor desabilitar a função.

Isso porque, nos EUA, as agências policiais já utilizaram mandatos para exigir que as pessoas destravem seus celulares com a impressão digital. Mas em função de seu direito de permanecer em silêncio, seria difícil (ainda que não impossível) que o governo federal exigisse que você compartilhasse sua senha numérica. Por isso, desabilitar o sensor de impressão digital quando estiver viajando é uma opção mais segura.3. Não decore suas senhas A melhor forma de proteger suas senhas é não se lembrar delas. Ao se negar a fornecer uma senha, é melhor dizer que você não sabe, do que se negar a fornecê-la a um agente alfandegário, afirmou Grossman. “Se você não sabe a senha, é difícil exigir que você a forneça. Mesmo que alguém coloque uma arma na sua cabeça, não adianta nada se você não souber a senha.”

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Aplicativos de gestão de senhas, como o 1Password e o LastPass geram senhas fortes e longas automaticamente para todas as suas contas on-line, armazenando-as em um local acessível com uma senha mestra. Entretanto, Grossman afirmou que é melhor viajar sem o aplicativo de gestão de senhas instalado no celular, para que a polícia não exija que você forneça a senha mestra.

Uma cópia da lista de senhas pode ser guardada em serviços de armazenamento na nuvem como o Dropbox, para que você possa voltar a acessar suas contas quando chegar ao seu destino final, afirmou. Uma alternativa ao uso de aplicativos de gestão de senhas é anotar as senhas e deixá-las com uma pessoa de confiança. Depois de passar pela alfândega, você pode para essa pessoa ler as senhas em voz alta para você.4. Use a verificação em dois passos Na situação improvável em que você seja obrigado a fornecer a senha do seu e-mail ou conta de rede social, caso a verificação em dois passos esteja ativada, ela irá funcionar como uma proteção extra – supondo que seu celular primário tenha ficado em casa.

Com a verificação em dois passos ativada, sempre que você coloca sua senha, recebe uma mensagem de texto com um código de acesso que deve ser utilizado para completar a conexão. Como a mensagem é enviada para o celular que ficou em casa, o agente alfandegário não é capaz de se conectar à sua conta mesmo que você informe a senha.

Naturalmente, a verificação em dois passos tornaria a conexão mais difícil se seu celular ficou para trás. É claro que você pode deixar o celular com uma pessoa de confiança e pedir para que ela envie o código sempre que você for se conectar. Contudo, o ideal é ficar longe das redes sociais durante a viagem, para evitar que suas informações fiquem gravadas em celulares descartáveis.

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5. Criptografe seus aparelhos

Seja em um aparelho reserva ou no que você usa no dia a dia, sempre se lembre de criptografar o sistema, embaralhando os dados de forma que se tornem indecifráveis sem a chave correta. Aplicativos para computadores como o BitLocker ou o FileVault, da Apple, permitem que você criptografe seu HD, exigindo uma senha para descriptografar os arquivos. Para evitar que a senha seja entregue, você pode anotá-la e entregá-la para um amigo, entrando em contato com essa pessoa depois de cruzar a fronteira.

6. Faça o backup na nuvem e apague tudo antes de viajar Quando você está viajando, o mínimo que você acessar são seus contatos e sua agenda, e talvez algumas fotos. Mas todas essas informações podem ser relevantes para agentes alfandegários. Sua melhor opção é fazer um backup desses dados em um serviço remoto e, então, apagar todos os dados do aparelho antes de atravessar a fronteira, afirmou Zdziarski. Depois de passar pela alfândega, você pode usar os dados do backup para restaurar o aparelho.

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