Computadores modificados travam 'guerra' nas bancadas da Campus Party

Participantes se inspiram em filmes, séries e em sua própria vida para criar máquinas diferentes; concurso garante aos vencedores ingressos para a próxima edição

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Por Mariana Lima
Atualização:
Douglas Alves demorou três meses para transformar o seu computador em uma réplica de arma usada no filme 'O quinto elemento' Foto: Rafael Arbex/Estadão

Dois meses trabalhando durante todos os dias, sem folgar aos fins de semana. Esse foi o tempo necessário para o técnico em informática Douglas Alves, de 37 anos, transformar seu computador em uma réplica das armas usadas no filme de ficção científica O Quinto Elemento, lançado em 1997.Ele é um dos participantes da Campus Party Brasil e participa pela quinta vez da competição de ‘CaseMods’, apelido para os computadores modificados. 

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Além de tempo, Alves gastou R$ 2 mil para montar a máquina diferente. A maior parte dos gastos veio de patrocínio de empresas especializadas, que forneceram placas com valor estimado em R$ 9 mil.

“Esse é o quinto ano que eu participo da competição”, disse Alves. “Dessa vez, não quis correr risco (de perder) e trouxe duas máquinas. Com uma delas, eu concorri em outro evento em agosto, mas não ganhei”, conta. A segunda máquina não tem inspiração em Hollywood, mas no desenho animado japonês Cavaleiros do Zodíaco.

Hobby. O analista de suporte Emerson Pedroso, de 25 anos, também tem como hobby transformar seus computadores. Na sétima vez em que participa da Campus Party, ele transformou seu computador em um Tentomon, um personagem do desenho japonês Digimon.

“Todo mundo faz de filme e séries, eu prefiro fazer de animes. O Tentomon era um digimon que pertencia ao personagem nerd do anime. Me identifiquei com isso e resolvi fazer”, disse. O veterano em CaseMods diz que gastou R$ 600 para adaptar o gabinete ao formato do desenho. As peças internas foram doadas por patrocinadores.

Novatos. Os novatos, que neste ano formam a maioria de competidores na categoria de CaseMods, estão longe de receber grandes investimentos, mas isso não reduz a empolgação.  O português radicado no Brasil, Ricardo Fernandes, de 45 anos, desenhou o próprio computador e desembolsou R$ 6 mil para deixá-lo pronto para a competição.

“Eu fiz todo o desenho do projeto, avaliei a estrutura 3D e só então comecei o processo de fabricação”, explicou Fernandes que também estuda engenharia mecânica. “Foi desafiador fazer, mas acho que ficou bem legal. Espero muito ganhar.”

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O filme Blade Runner foi a inspiração do técnico de informática Yury Oliveira, de 26 anos.  Ele usou peças recicladas e doações de amigos para criar a sua primeira máquina modificada que custou R$ 100, sem a ajuda de patrocinadores.

“O filme tem essa pegada de futuro, mas com uma imagem de destruição, né?”, disse Oliveira apontando para um visor colocado dentro do gabinete transparente, onde passavam imagens que ele selecionou do filme. “Mas não sei se vou ganhar, vim mais para curtir”, disse. Ele levou 13h de ônibus de Viçosa, em Minas Gerais, a São Paulo para participar da Campus Party.

Estratégia. Game of Thrones foi o tema escolhido pelo tenente da polícia militar de Curitiba, Diego da Silva, de 32 anos, para modificar seu próprio computador. Para ficar mais próximo possível da série, revestiu parte da máquina com couro e criou peças que remetessem ao rigoroso inverno do norte da região onde a série de ficção se passa.

“Eu sei que tem muitas pessoas aqui que gostam dessa série, mas eu juro que não fiz de propósito, para chamar atenção. É que eu gosto dos personagens”, disse. “Passei três meses para montar e usei todo o meu tempo livre para isso. Minha mulher quase me matou." Para transformar o computador em uma peça da série, o policial desembolsou R$ 2 mil, sem patrocínio.

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Criatividade não é o que falta para o baiano Jan Rios, 32, que viajou dois dias de ônibus de Várzea da Roça até São Paulo para competir com o seu primeiro computador modificado. A ideia do projeto disse, saiu literalmente da cabeça dele.

“A inspiração veio do meu rosto”, contou Rios ao mostrar os detalhes da máquina. “Fiz algumas coisas diferentes como um projetor na parte da frente, mas não dá para mostrar muito bem aqui, porque atrapalha os outros colegas."

Premiação. Segundo o regulamento da Campus Party, o campeonato de CaseMod é dividido em duas categorias: iniciante e avançado. Os três primeiros lugares de cada etapa ganham entradas para a próxima edição da Campus Party Brasil, planejada para o fim de janeiro de 2019. Neste ano, o ingresso para participar do evento custou R$ 360.

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Mas a premiação não é o que motiva a criação dos aparelhos. “Na verdade, a gente gosta de trocar ideias e pensar em formas de modificar o computador", disse o técnico de informática, Rafael Saúde, de 31 anos. Ele trouxe apenas um protótipo para exibir em 2018, mas diz que pretende aperfeiçoá-lo para competir na Campus Party do ano que vem.

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