Justiça determina bloqueio do WhatsApp por 72 horas

A decisão, da comarca de Lagarto, no Sergipe, determina que as operadoras bloqueiem o serviço a partir das 14h desta segunda-feira

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Por Redação
Atualização:
  Foto: Reuters

A Justiça mandou bloquear o serviço de mensagens WhatsApp por até 72 horas a partir das 14h desta segunda-feira, 2. A decisão, da comarca de Lagarto, em Sergipe, determinou que as cinco principais operadoras de telefonia em atividade no Brasil — Tim, Vivo, Claro, Nextel e Oi — interrompam completamente o serviço de mensagens, como o que aconteceu em dezembro de 2015. Por meio de nota do Sindicato Nacional das Empresas de Telefonia e Serviço Móvel Celular e Pessoal (SindiTelebrasil), as operadoras informaram que receberam a intimação judicial e que vão cumprir a determinação da Justiça. O WhatsApp afirmou que está "desapontado" e que cooperou "com toda a extensão de sua capacidade com os tribunais brasileiros".

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A ordem de interrupção do serviço, tomada pelo juíz Marcelo Maia Montalvão, deve começar a valer a partir das 14h desta segunda-feira e o aplicativo deverá voltar a funcionar apenas na quinta-feira, às 14h. Caso as operadoras não cumpram a decisão judicial, elas deverão pagar uma multa diária de R$ 500 mil.

O juiz Montalvão é o mesmo que mandou prender preventivamente o vice-presidente do Facebook para a América Latina, Diego Dzodan, em março deste ano, alegando descumprimento de determinação de quebra do sigilo de mensagens no aplicativo. A Justiça precisava de informações no âmbito de um processo de tráfico de drogas interestadual, mas o Facebook, dono do WhatsApp, não teria liberado as conversas. Como, apesar da prisão, o WhatsApp não liberou o acesso aos dados, o juiz pediu o bloqueio do serviço nesta segunda-feira.

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Em nota, o Tribunal de Justiça de Sergipe informou que a decisão consta nos autos do processo 201655000183, que tramita em segredo de Justiça. "O magistrado atendeu a uma medida cautelar ingressada pela Polícia Federal com parecer favorável do Ministério Público, em virtude do não atendimento, mesmo após o pedido de prisão do representante do Facebook no Brasil, da determinação judicial de quebra do sigilo das mensagens do aplicativo para fins de investigação criminal sobre crime organizado de tráfico de drogas na cidade de Lagarto, Sergipe. O juiz informou que a medida cautelar está baseada nos artigos 11, 12, 13 e 15, parágrafo 4º, do Marco Civil da Internet."

Por ocasião do bloqueio, o site o Tribunal de Justiça de Sergipe saiu do ar após receber um número muito grande de acessos. Segundo a assessoria de imprensa, mais de 1 milhão de acessos foram registrados instantes antes de o site sair do ar. O serviço de e-mail da instituição também está passando por dificuldades técnicas, em virtude da grande quantidade de mensagens recebidas na manhã desta segunda-feira, após a determinação do bloqueio.

O aplicativo de mensagens instantâneas WhatsApp, por meio de nota, disse que"depois de cooperar com toda a extensão da nossa capacidade com os tribunais brasileiros, estamos desapontados que um juiz de Sergipe decidiu mais uma vez ordenar o bloqueio de WhatsApp no Brasil. Esta decisão pune mais de 100 milhões de brasileiros que dependem do nosso serviço para se comunicar, administrar os seus negócios e muito mais, para nos forçar a entregar informações que afirmamos repetidamente que nós não temos." 

De novo. Esta é a segunda vez que o WhatsApp recebe uma ordem judicial no Brasil exigindo o bloqueio do serviço em todo o País. A primeira suspensão ocorreu em dezembro do ano passado, quando a 1ª Vara Criminal de São Bernardo do Campo enviou uma ordem judicial para as operadoras, exigindo o bloqueio do aplicativo em todo o território nacional por um período de 48h.

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As operadoras começaram a cumprir a ordem a partir das 0h de 17 de dezembro. Entretanto, na tarde do mesmo dia, o desembargador Xavier de Souza, da 11ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo, concedeu uma liminar, determinando o restabelecimento do aplicativo em todo o País. Na época, o magistrado afirmou que “em face dos princípios constitucionais, não se mostra razoável que milhões de usuários sejam afetados em decorrência da inércia da empresa” em fornecer informações à Justiça. Segundo ele, a Justiça poderia ter cobrado uma multa mais alta, a fim de obrigar a empresa a colaborar com a investigação.

O WhatsApp sofreu a ordem de bloqueio em dezembro após não cumprir com uma determinação judicial emjulho de 2015. Durante o bloqueio, o presidente-executivo do Facebook, que controla o WhatsApp, Mark Zuckerberg, afirmou que mais de 100 milhões de pessoas no País estão sendo afetadas pelo bloqueio. Ele ainda disse que ficou “chocado” e que foi "um dia triste para o Brasil.”

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